Localizada no centro histórico de Sintra e classificado como património mundial da Humanidade pela Unesco, a Quinta da Regaleira é um daqueles lugares especiais. Foi construída na viragem do século XIX para o XX com um ideal romântico bem vincado no meio da densidade da floresta. Este sítio mágico, feito mais para sentir na pele do que para saber a sua história, é o resultado dos sonhos de dois homens.
O Palácio da Regaleira é o edifício principal e o nome mais comum da Quinta da Regaleira. Fica situado na encosta da Serra a escassa distância do centro de Sintra, estando também classificado como Imóvel de Interesse Público desde 2002.
Antonio Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920) recorreu ao talentoso cenógrafo e arquitecto Luigi Manini (1848-1936) para transformar a quinta de 4 hectares num lugar místico. Do traço do mestre italiano saiu um palácio rodeado de luxuriantes jardins, saíram lagos, grutas e construções enigmáticas, que ocultam significados alquímicos, modelando o espaço em traçados mistos. As influências das arquitecturas românica, gótica, renascentista e manuelina são visíveis. Este é lugar para se sentir. A sua história, a paisagem e os mistérios não chegam. É necessário contemplar a cenografia dos jardins, das construções, do seu parque exótico, e admirar o incrível palácio de inspiração alquímica.
Esta brisa sobrenatural que corre pela Quinta da Regaleira tem sido associada à prática maçónica. É possível que o seu primeiro dono, António Carvalho Monteiro, tenha protagonizado ritos maçónicos neste local ou, no minímo, tentado preservar o fantasioso culto secretista.
Assim que entramos, temos o imenso jardim com os seus espaços edénidos e de representação do microcosmos pela sucessão de lugares carregados de magia e mistério. O jardim esconde também galerias labirínticas e grutas subterrâneas, até 60 metros de profundidade, que vão dar a três saídas: uma escada em caracol que termina num poço seco, com cerca de quinze metros de profundidade; uma arcada encoberta por uma queda de água que se une a uma lago; e um outro poço sem água.
Acredita-se que o ‘Paraíso’ tão bem expresso nos seus jardins é materializado em coexistência com um mundo subterrâneo pelo qual o iniciante seria conduzido pelo fio de Ariadne da Iniciação, começando uma jornada iniciática por um caminho simbólico onde se sentiria a Harmonia das Esferas e onde se meditaria no sentido de percorrer a experiência que viaja pelas grandes epopeias. Estes são o Poço Iniciático e o Poço Imperfeito tão marcantes na propriedade. No fundo encontra-se uma cruz templária inserida numa estrela de oito pontas. Na capela dedicada à Santíssima Trindade encontra-se outra cruz templária, sobre a qual foi esculpido um triângulo com um olho omniscente. Por baixo está uma cripta para onde se desce a uma galeria que liga a capela ao palácio. O conjunto de mosaicos e triângulo são novas referências maçónicas, e nesta altura os exemplos deixam de ser uma raridade: o galo esculpido numa das varandas de uma torre de oito paredes, uma águia com seios que representa S.João Evangelista e um pelicano colocado sobre a porta de entrada que, de acordo com este imaginário, simboliza Jesus Cristo.
A simbologia do local está também relacionada com a crença de que a terra é o útero materno, de onde provém a vida, mas representa igualmente a sepultura, onde acabará. São variados os ritos de iniciação que aludem a aspectos claros do nascimento e morte ligados à terra, ou renascimento.
Os leitores que quiserem visitar esta mística quinta devem saber que há várias modalidades de visita e que a sua compra inclui a visita aos jardins, aos vários núcleos museológicos, bem como a participação nas actividades lúdicas e culturais que estejam a decorrer nesse dia.
As crianças até as 8 anos não pagam entrada; daí até aos 14 anos o custo é de 3 euros; 4 euros para estudantes com menos de 15 anos, detentores do Cartão Jovem e maiores de 65 anos; e, finalmente, 6 euros para adultos dos 18 aos 65. Os horários variam de acordo com a época do ano. Abrindo sempre as 10 horas, muda no encerramento: nos meses de Janeiro, Novembro e Dezembro fecha às 17h30, em Fevereiro, Março e Outubro às 18.30, e de Abril a Setembro encerra às 20.