Um grupo de cidadãos e associações ambientais espera mobilizar centenas de pessoas numa ação na Torre da Serra da Estrela, em 24 de agosto, contra a exploração de lítio em Portugal.
A ação, que vai decorrer no ponto mais alto de Portugal continental, vai consistir na criação de uma mensagem a partir da disposição das pessoas no espaço que, vista do ar, dirá algo como “Não às minas. Water is life [A água é
vida]”, contou Laura Williams, uma das pessoas responsáveis pela organização da iniciativa, que espera mobilizar entre 400 a 700 pessoas para o protesto.
No seguimento dos movimentos contra a exploração de lítio na região Centro, a ação arrancou a partir da iniciativa das organizações Awakened Forest Project e Wildlings, contando também com o apoio de outras entidades
como a Tamera, Teia da Terra ou Linha Vermelha. O local escolhido para a ação de contestação contra a possibilidade de minas de lítio surgiu por haver vários pontos de prospeção “à volta da Serra da Estrela”, esclareceu Laura Williams.
“Nós queremos mobilizar não apenas as pessoas da região Centro, mas de todo o país, porque temos de acabar com o extrativismo, que é uma indústria muito poluente, e exigirmos um sistema mais sustentável”, vincou.
Laura Williams, que vive em Arganil, no distrito de Coimbra, nota que o processo de prospeção de exploração de lítio na região tem tido falta de transparência por parte do Governo e espera que a iniciativa possa trazer mais consciência às populações, salientando os possíveis riscos para a saúde pública que as minas poderão causar, nomeadamente através da contaminação de cursos de água e aquíferos.
“Escolhemos este tipo de ação porque é criativa e, neste momento, precisamos de criatividade para andar para a frente. Há muitas alternativas ao extrativismo. Nós estamos a reutilizar e a reciclar apenas uma pequena fração do que poderíamos”, vincou.
Na nota explicativa da ação (disponível em wildlings.pt), a organização salienta que “as propostas para explorar grandes áreas de Portugal surgiram sem aviso prévio e, em alguns casos, a permissão foi concedida ilegalmente”.
“Estas indústrias extrativas são ambientalmente desastrosas e resultam na contaminação das águas subterrâneas, esgotam os lençóis freáticos e destroem os ecossistemas locais. Considerando que, globalmente, estamos à beira do colapso ambiental, não permitiremos que as indústrias extrativas continuem as suas práticas destrutivas que priorizam o lucro sobre as pessoas e o planeta”, vinca a organização.