Os últimos 25 anos, são de longe os que mais negativamente marcaram o nosso país; foi uma geração que ainda está a ser avaliada, mas que vai ficar para a história como a pior de sempre. Não me refiro aos que nasceram neste período; mas sim a todos aqueles, que com raras exceções tiveram responsabilidades governativas, no estado da calamidade social e económica em que Portugal se encontra.
Não estão isentos de culpa, quem durante todos estes anos os legitimou no poder; com a entrega incondicional do seu voto. Independentemente da crise que penalizou as economias ocidentais, Portugal teve todas as condições para ter saído dela como nenhum outro país; pois o que recebemos da comunidade e o que contribuímos, é quase 300% a nosso favor; foram mais de 9 milhões de euros diários, que durante 25 anos entraram no nosso país; gastos em projetos de arrojada megalomania e risco, como autoestradas e estádios de futebol, em que alguns deles se tornaram em manifesta inutilidade; e não se fez um único investimento a pensar no futuro a longo prazo.
É inacreditável, que não obstante este rio de dinheiro a desaguar em Portugal desde a nossa adesão à comunidade Europeia, que Portugal ainda tenha contraído uma dívida pública de 251.000 milhões de euros (dados de novembro de 2018), condenando as próximas gerações à pobreza e ao subdesenvolvimento. Os jovens portugueses, não se devem sentir culpados pela caótica situação em que o país se encontra, onde muitas das suas famílias foram severamente afetadas; eles são as principais vítimas, e a curto e longo prazo só os espera a emigração.
Culpamos insistentemente aqueles a quem Portugal pediu ajuda pelos males que nos afetam; quando os verdadeiros responsáveis, estão há muito tempo identificados. Com uma pequena exceção de 15% da classe média, que dentro de pouco tempo poderá deixar de existir; os portugueses deixaram-se levar durante anos, por promessas que despudoradamente os empurraram para o empobrecimento coletivo.
A gestão dos dinheiros públicos pelo Estado português, foi durante anos gerida como se um negócio de família se tratasse; criando dependências e hábitos que dificilmente alguns políticos por mais que tentem, nunca vão conseguir alterar o estado de calamidade em que nos deixámos cair; em alguns casos, os interesses instalados não serão de fácil mudança, porque entraram há muito tempo num ciclo de difícil retrocesso.
Não me parece que alguma razão nos assista ao acusarmos alguns dos nossos parceiros europeus dos males que nos afetam; evidentemente que quem nos empresta dinheiro tenta salvaguardar os seus interesses, impondo juros para compreendermos que a vida não é fácil, e para nos refrear o recurso à dívida para manter privilégios que povos ricos da Europa não têm.
Os erros pagam-se por quem os comete, e muito especificamente por aqueles que os deixaram cometer; porque são estes últimos e as gerações futuras, que vão pagar a pesada fatura até ao resto das suas vidas. O nosso país começou a “mexer um pouco” mas é insuficiente para o relançar no caminho da prosperidade, do desenvolvimento e da inovação. A aposta nos salários baixos é um retrocesso em qualquer economia; uma prática que só beneficia uma pequena parte da população, estando a esmagadora maioria condenada ao empobrecimento. Foi neste contexto, que a confiança nas atuais Instituições políticas foi seriamente abalada ao longo dos últimos anos. Portugal tinha há 25 anos 5 classes sociais e neste momento está reduzido a três, com a pobreza a cair impiedosamente sobre os mais vulneráveis e carenciados, que são as nossas crianças, os jovens e os idosos. A dívida pública não serviu para desenvolver o país, e colocou os portugueses em risco elevado de empobrecimento na vertente social e humana; nos últimos 10 anos perdeu-se uma geração, que no mínimo levará mais duas, para devolver um Portugal justo para todos os portugueses.
Obs: Às nossas crianças e jovens e às futuras gerações, a quem a atual vai deixar uma “mão cheia de nada”.
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- 108 anos depois da implantação da República, muitos portugueses ainda se questionam sobre as verdadeiras motivações do regicídio; que posteriormente obrigou D. Manuel II, que foi o último Rei português ao exílio. Ao tempo já existia uma Monarquia Constitucional moderna, com o poder descentralizado num quadro político bastante amplo e avançado para aquela época; sendo o Rei uma figura central, mas que não governava o país.