Desde março de 2004, que o número de vendas de veículos a diesel era superior ao de veículos a gasolina. Agora, no primeiro semestre de 2019, ocorreu a primeira inversão na tendência de vendas. Durante os primeiros seis meses do ano, as vendas de ligeiros de passageiros a gasolina atingiu as 65.797 unidades, uma subida de 20,99% face à primeira metade de 2018. A quota dos veículos a gasolina nas vendas situou-se, assim, nos 51,2%. No final de junho do ano passado esse valor era de 40,4% e viria a descer para 39,3% no conjunto de 2018.
Por sua vez, o número de automóveis com motor diesel vendidos registou uma quebra de 29,3% na primeira metade deste ano, para 50.667 viaturas. A fatia de mercado do gasóleo encolheu de 53,3% no primeiro semestre do ano passado para 39,4% no final de junho deste ano.
Em 2017, enquanto o diesel representava 61,1% das vendas, os automóveis a gasolina valiam apenas 34,2%. Já carros totalmente elétricos tinham um peso de 0,7%.
O secretário-geral da ACAP, Helder Pedro reconhece a perda de peso das vendas de carros a gasóleo a um ritmo mais rápido que o antecipado, mas descarta o “efeito Matos Fernandes” – o ministro do Ambiente veio afirmar que os carros a diesel vão perder todo o valor em quatro a cinco anos.
“Quem comprar um carro [de motor] diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”, afirmou o governante no início do ano.
Já o Grupo PSA – que detém a Peugeot, Citroën e a Opel – assume uma postura oposta à da ACAP, considerando que as palavras de Matos Fernandes tiveram algum efeito.
“Este foi um período de alguma perturbação, indecisão e adiamento das compras por parte dos clientes, designadamente após as declarações que o Sr. ministro do Ambiente proferiu no início do ano”, disse fonte oficial. “Assistiu-se a uma descida muito abrupta do mix do diesel no primeiro trimestre, após as declarações do Sr. ministro”, concluiu.