Um jovem venezuelano ficou sem olhos depois de ter sido atingido, na segunda-feira, por tiros da polícia num protesto pela falta de gás doméstico, no estado de Táchira, a sudoeste de Caracas.
De acordo com a imprensa local, o protesto teve lugar no município de Cárdenas, na autoestrada que liga as localidades de San Cristóbal a La Fría.
O jovem, de 16 anos, terá sido baleado à queima-roupa, com balas de borracha, por funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar).
Segundo o diário La Nación, vários jovens também ficaram feridos durante o protesto.
Entretanto, na rede social Twitter, foi divulgado um vídeo onde é possível ver o momento em que a GNB reprime violentamente duas dezenas de pessoas que, com cartazes nas mãos, bloqueiam a estrada.
Alguns dos manifestantes são golpeados pela polícia, enquanto é possível ouvir disparos de origem indeterminada.
Foram também divulgadas imagens do jovem, com os dois olhos destruídos e várias marcas na cara, presumivelmente causadas por balas de borracha.
A situação do jovem foi confirmada aos jornalistas pelo deputado opositor Juan Carlos Palência, que responsabilizou “os agentes policiais por dispararem à queima-roupa contra o menor de idade”.
“Senhora Michelle Bachelet, parece que aumentaram os ataques do regime criminoso de [Presidente venezuelano Nicolás] Maduro após a sua visita. Hoje [segunda-feira], um adolescente de 16 anos perdeu a visão com balas de borracha, num ataque da polícia. Será porque os reconhece e se sentem mais poderosos?”, escreveu, naquela rede social, o deputado opositor Franklyn Duarte, numa alusão à recente visita, a Caracas, da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos.
Segundo o presidente da Corporação de Saúde de Táchira, Luís Ramírez, o jovem, estudante, perdeu “a totalidade da morfologia e da anatomia dos glóbulos oculares”.
A situação está a provocar diversas reações no Twitter, não apenas contra a GNB, mas também contra a oposição, à qual exigem que seja mais ativa e negoceie menos com o regime de Maduro.
Na Venezuela, um país com importantes reservas de petróleo e de gás, são cada mais frequentes as queixas devido à dificuldade para conseguir gás doméstico.
A população queixa-se de passar a noite à chuva à espera da distribuição de gás, que muitas vezes não chega.