O mais recente relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a população no mundo, indica que esta deverá chegar a 9,7 biliões de pessoas em 2050 e cerca de 11 biliões em 2100.
Divulgado no final de junho, o relatório das Nações Unidas revela que o crescimento da população mundial desacelerou e avança que taxa de fertilidade deverá continuar a cair. Em 2018, e pela primeira vez, o número de pessoas com 65 ou mais anos foi superior ao número de crianças abaixo dos cinco anos, revela a ONU News, o site de notícias das Nações Unidas.
Atualmente, o número de habitantes do planeta é de 7,7 biliões e segundo o estudo, até 2050 irá chegar aos 9,7 biliões. Ou seja, a população mundial deve aumentar em dois biliões nos próximos 30 anos.
A pesquisa foi publicada pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais (DESA) das Nações Unidas, e revela ainda que o número de habitantes do planeta pode atingir o seu pico de crescimento no final deste século, situando-se em cerca de 11 biliões de pessoas.
O relatório indica ainda que a população está a envelhecer em consequência do aumento da expectativa de vida e da queda dos níveis de fertilidade. Há mesmo países que estão a ver a sua população reduzir.
Nove países com mais da metade da população
Entre 2019 e 2050, nove países representarão mais da metade do crescimento projetado da população mundial. São eles Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Indonésia, Egito e Estados Unidos.
E a China deverá deixar de ser o pais com mais habitantes. “Por volta de 2027, a Índia deve superar a China como o país mais populoso do mundo. A população da África Subsaariana deve dobrar até 2050”, revela a ONU News, com base no estudo.
Se há mais população idosa, a taxa global de fertilidade não está a compensar esse aumento. Segundo o estudo, caiu de 3,2 nascimentos por mulher em 1990 para 2,5 em 2019. E a tendência de queda de natalidade deve continuar até chegar a 2,2 nascimentos por mulher em 2050. “É necessário um nível de fecundidade de 2,1 nascimentos por mulher para evitar o declínio da população”, lembra a ONU.
Em nota, o subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais, Liu Zhenmin, lembrou que “muitas das populações que mais crescem estão nos países mais pobres, onde o crescimento populacional traz mais desafios”.
Na maior parte da África Subsaariana e em países da Ásia, América Latina e Caribe, as reduções na fertilidade fizeram com que aumentasse a população em idade de trabalho. “Essa situação criou uma oportunidade para acelerar o crescimento económico”, revela o estudo acrescentando que os governos “devem investir em educação e saúde, especialmente para os jovens, e criar condições propícias ao crescimento económico sustentado, para que possam beneficiarem deste ‘dividendo’ demográfico”.
Esperança de vida subiu para 72,6 anos
E se a taxa de fertilidade diminuiu, a expectativa média de vida a nível mundial aumentou de 64,2 anos em 1990 para 72,6 anos em 2019. E deverá aumentar para 77,1 anos em 2050.
Até 2050, uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos. Em 2019, este valor é de 9%. No Norte da África e a Ásia Ocidental, Ásia Central e do Sul, Leste e Sudeste da Ásia e América Latina e Caribe, a proporção da população com 65 anos ou mais deve dobrar até 2050.
No mesmo período, uma em cada quatro pessoas que vivem na Europa e na América do Norte poderão ter 65 anos ou mais. “Prevê-se que o número de pessoas com 80 anos ou mais triplicará, subindo de 143 milhões para 426 milhões”, informa a ONU.
Mas há diferenças entre nações. Nos países mais pobres, as pessoas ainda vivem menos 7,4 anos do que a média global. O que se deve, em grande parte, “aos níveis persistentemente elevados de mortalidade infantil e materna, bem como à violência, aos conflitos e ao impacto contínuo da epidemia do HIV”, lê-se no estudo.
O estudo alerta, entretanto, para uma questão relacionada com o aumento da esperança média de vida a nível mundial. “O envelhecimento demográfico tem consequências no mercado de trabalho e no desempenho económico, bem como nas pressões fiscais que muitos países enfrentarão nas próximas décadas, no sentido de desenvolver e manter sistemas públicos de cuidados médicos e proteção social para os idosos.
27 países com menos população
Desde 2010, 27 países sentiram uma redução de um por cento ou mais no seu número de habitantes. Em causa estão os baixos níveis de fertilidades e, em alguns desses países, as altas taxas de emigração.
Esta é, segundo o estudo da ONU, uma tendência que deverá continuar: Há “pelo menos 55 países com uma descida prevista de população de pelo menos 1% até 2050”, revela. E cerca de 26 países poderão vir mesmo a ter uma redução de pelo menos 10% no seu número de habitantes. Na China, por exemplo, o estu prevê que a população diminua em 31,4 milhões, ou cerca de 2,2%.
Por outro lado, as migrações estão a permitir a vários países, aumentar o seu nível populacional. Segundo o estudo, entre 2010 e 2020, “14 países devem registar a entrada de mais de um milhão de migrantes”. Alguns dos maiores movimentos migratórios “são motivados pela necessidade de trabalhadores, como acontece no Bangladesh, no Nepal e nas Filipinas”. As outras razões apontadas pelo estudo são a violência, a insegurança e o conflito armado, como acontece em Mianmar, na Síria e na Venezuela.
Numa nota, o diretor da Divisão de População do DESA, John Wilmoth, sublinhou que “estes dados são um elemento importante da base de informação necessária para (a ONU) verificar o progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030”.
Ana Grácio Pinto