A olaria de Redondo adapta-se às novas exigências do mercado, mas a arte de moldar o barro continuará e, espera-se, conseguirá manter-se viva nas próximas gerações
O Museu do Barro foi inaugurado em 2009, numa homenagem justa e num testemunho meritório do trabalho dos mestres oleiros de Redondo, concelho do distrito de Évora, Alentejo.
Resguardado no Convento de Santo António da Piedade, o Museu do Barro traça o percurso histórico da olaria no concelho de Redondo.
Integra uma exposição permanente que apresenta todo o processo de produção manual, desde a extração de matéria-prima até ao produto final, passando pelo papel dos almocreves (as pessoas que conduziam animais de carga e mercadorias de uma terra para outra) na venda dos artefatos em barro.
“O Museu do Barro pretende mostrar a importância da olaria na economia local e na vida quotidiana das populações, revelando as utilizações dos artefatos na cozinha e na construção, a evolução e domínio das técnicas e produção e as redes de distribuição”, explica a informação divulgada pelo espaço museológico.
As peças expostas retratam diferentes épocas e ao lado de cada uma delas está representado o oleiro que lhes deu vida. Para além da sua vertente museológica, oferece ainda uma vertente lúdica e pedagógica cujo objetivo passa pela sensibilização dos jovens, face a uma das tradições mais vincadas do concelho.
A visita ao museu só fica realmente completa com a ida às olarias ao redor. Há ainda nove abertas no concelho e permitem ao visitante acompanhar de perto o intemporal trabalho na roda dando ainda, quem sabe, forma às suas próprias criações.
Ali está exposto espólio proveniente de doações das olarias locais e peças antigas resultantes de escavações arqueológicas junto à Igreja de São Pedro, na vila. Reúne peças que vão desde a pré-história ao período, até à loiça tosca e decorativa e peças ricamente decoradas.
Na visita ao museu é explicado ao público que o centro oleiro de Redondo, apesar de estar inserido numa zona mais alargada de produção tradicional de olaria do Alentejo, distingue-se dos outros centros oleiros e marca profundamente a cultura da região onde se insere.
Zona habitada desde a remota antiguidade, por ali passaram romanos e árabes que terão deixado valores culturais e tecnologias ligadas ao aproveitamento das riquezas do subsolo, entre as quais as argilas, ligadas à produção do barro. A referência mais antiga à olaria de Redondo remonta ao século XVI e consta do foral atribuído à vila por D. Manuel, em 1516, onde é mencionada a ‘corporação de oleiros’.
Em 1888 existiam 28 olarias e em 1940 chegou a haver 43 em laboração. Vinte anos depois, já eram apenas 27, por conta do uso de materiais mais resistentes e baratos, como o plástico e o inox. Hoje em dia, como noutras alturas, a olaria adapta-se às novas exigências do mercado e a novos utensílios e objetos de decoração. Mas a arte de moldar o barro continua se e, espera-se, conseguirá manter-se viva nas próximas gerações.
Museu do Barro de Redondo
Convento de Santo António
Alameda de Santo António
Redondo
Tel.: 351 266989216
email: museudovinho@cm-redondo.pt
De terça-feira a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 19h
Encerra às segundas-feiras, 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio e 25 de dezembro
Ana Grácio Pinto