A diretiva europeia relativa às eleições para o Parlamento Europeu determina que os cidadãos europeus residentes noutros Estados-Membros, podem optar os votar nos candidatos dos países onde residem.
Os dados são da Administração Eleitoral Portuguesa e indicam 125.630 emigrantes portugueses que estavam aptos para votar nos candidatos portugueses ao Parlamento Europeu nas eleições de 26 de maio, optaram por se inscrever no recenseamento eleitoral dos países de residência.
E nesse sentido, votaram nos eurodeputados do país de residência. É um número mais significativo do que os 13.816 que votaram nos candidatos portugueses ao Parlamento Europeu.
Na entrevista concedida ao ‘Mundo Português poucos dias depois das eleições europeias, o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, explicava que são portugueses “que passaram a estar recenseados na nossa base de recenseamento automático, mas que votaram nos países de acolhimento por conhecerem melhor o trabalho dos deputados desses países e por, como aconteceu no Reino Unido, quererem votar nos partidários da manutenção na União Europeia”.
No Reino Unido, onde reside uma comunidade estimada em 400 mil portugueses, apenas 135 emigrantes lusos inscreveram-se para eleger eurodeputados britânicos, segundo os dados Administração Eleitoral. Isto apesar de nos dias que antecederam a eleição, o grupo Migrantes Unidos ter apelado “aos portugueses e outros cidadãos europeus residentes no Reino Unido para votarem nas eleições para o Parlamento Europeu “contra o Brexit”. No apelo, a que o ‘Mundo Português’ teve acesso, afirmavam que “as eleições para o Parlamento Europeu estão a ser vistas no Reino Unido como uma espécie de segundo referendo sobre a presença do país na União Europeia” e que “sem acordo entre o Reino Unido e a União Europeia todos os direitos que os europeus neste momento usufruem, como o direito à residência, trabalho, assistência social, podem ser diminuídos por um futuro governo anti-emigrante”.
Maioria em França, Espanha e Luxemburgo
Os 125.630 portugueses que optaram por se inscrever no recenseamento para eleição de eurodeputados do país de residência estão distribuídos por 20 dos 28 países da União Europeia.
E se no Reino Unido pouco emigrantes portugueses optaram por votar nos candidatos britânicos ao Parlamento Europeu, em França, Espanha (17.099) e Luxemburgo (15.470), concentraram o maior número de portugueses a votar nos candidatos locais.
Em França, 81.987 emigrantes lusos votaram nos candidatos locais, em Espanha foram 17.099 e no Luxemburgo houve 15.470 a fazê-lo. Na Alemanha, foram 3.899 os portugueses a eleger os candidatos desse país de residência, na Holanda houve 3.456 e na Bélgica 1.946 emigrante a tomarem a mesma decisão.
Já os países onde menos portugueses optaram pelo voto nos candidatos locais são Hungria e Republica Checa com seis cada, Eslovénia com três e Chipre e Letónia com um recenseado cada.
Os outros países onde houve portugueses a participar na eleição de eurodeputados locais foram Itália (653), Suécia (512), Malta (168), Áustria (127), Finlândia (95), Grécia (28), Polónia (23) e Irlanda (15).
Outro dado da Administração Eleitoral Portuguesa indica que, comparativamente a 2014, o Governo português reforçou os locais de voto no estrangeiro. Houve 15 novos países e 11 cidades onde foi possível aos emigrantes portugueses votarem para as eleições europeias. As secções de voto subiram de 129 em 2014 para 156 em 2019.
Na entrevista ao ‘Mundo Português, José Luís Carneiro referiu-se ao crescimento de “20% em mesas de voto” nas europeias de 26 de maio, e assumiu que “há um esforço a fazer-se para podermos reforçar ainda mais essas secções de voto”. Mas sublinhou que há um esforço “que também tem que ser feito pelos partidos políticos e pelos cidadãos que pertencem os movimentos que apoiam as candidaturas”.
Em resultado do recenseamento automático dos eleitores portugueses no estrangeiro, o universo eleitoral nas comunidades passou de menos de 300 mil nas eleições (europeias) de 2014 para 1.431.825 este ano.
Ana Grácio Pinto