A história da amante que lançou um feitiço ao Rei

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Dois casamentos, oito filhos legítimos, três bastardos e um número desconhecido de amantes. D. Pedro II não resistia: envolveu-se com aristocratas, meretrizes, mulheres negras e até com uma criada do Paço.

D. Pedro II começou cedo, quando era apenas um infante de 15 anos e se apaixonou por Francisca Botelha, uma “mulher-dama” (cortesã) que vivia perto do Terreiro do Paço.

Ela, determinada a obter privilégios da relação, recorreu a uma feiticeira chamada Francisca de Sá. Obedeceu quando a bruxa lhe disse para rasgar um pedaço de tafetá do forro do fato do amante no fim da relação sexual – ou “ajuntamento” – e limpar a ele as partes íntimas.

Cumpriu quando Francisca de Sá a aconselhou a lançar pós mágicos no chão para o príncipe pisar depois de sair da cama.

E aceitou quando a feiticeira a mandou tocar no corpo nu do infante com alguns objetos, enquanto citava a ladainha:

“Eu te embuço, eu te rebuço

com o buço do lobo, com o osso do

homem morto, com o pão da forca e

corda do enforcado para que tu, infante

D. Pedro, andes a meu mandado, tu

me digas o que souberes, tu me dês

quanto tiveres, tu me ames mais que a

todas as mulheres, todas quanto vires te

pareçam burras velhas, só eu te pareço

uma dama bela.”

Francisca Botelha fez tudo, mas os feitiços foram pouco eficazes: D. Pedro não se comprometeu, tendo a relação terminado em poucos meses.

A história entre os dois só acabou anos mais tarde, com a intervenção do Tribunal da Inquisição de Lisboa. A feitiçaria era crime e Francisca de Sá foi condenada à morte.

Pedro II, apelidado de “o Pacífico”, foi o Rei de Portugal e Algarves de 1683 até sua morte em 1706, anteriormente servindo como regente de seu irmão o rei Afonso VI a partir de 1668 até sua ascensão ao trono.

A sua longa gestão do reino foi de importantes realizações. Firmou a aliança inglesa. Consolidou a independência de Portugal, com a assinatura do Tratado de Lisboa em 1668, pondo fim às guerras da Restauração iniciadas em 1640. Teve o decisivo apoio da Inglaterra, com base em cláusulas matrimoniais que uniram

Carlos II Stuart com a irmã, princesa Catarina de Bragança, em 1661. Em 1671 concedeu liberdade de comércio para os ingleses residentes em Portugal e deu início ao estabelecimento de manufaturas têxteis. Em 1674 sua maior preocupação foi melhorar as defesas do Reino, pedindo contribuição da Junta dos Três Estados para o sustento das guarnições de fronteira, seu apetrecho e obras indispensáveis em castelos e fortes marítimos.

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