Apesar da exploração petrolífera ser uma fonte de rendimento extremamente importante para o país é essencial e urgente uma economia mais diversificada, para criar oportunidades de emprego para uma população mais jovem em rápido crescimento, mas que enfrenta um desemprego da ordem dos 20 por cento.
O PIB não petrolífero, cresceu 5,3% em 2016, mas a economia viveu uma forte contração de 4,6% em 2017, permanecendo praticamente estagnada no ano passado. O menor gasto público fez com que o défice da conta corrente externa tenha caído quase metade para 10% do PIB em 2017, em comparação com o ano anterior, com importações reduzidas.
Por outro lado “Uma má colheita de café levou a um declínio nas exportações não petrolíferas, mas as receitas de exportação de petróleo melhoraram com o aumento dos preços do petróleo”, refere o documento.
Segundo o FMI, os “riscos a médio e longo prazo estão vinculados ao progresso na implementação de reformas fiscais e estruturais” no país, sendo um dos principais desafios do país “conseguir uma maior diversificação económica”.
O FMI refere ainda o “progresso insuficiente na redução da dependência do setor público e na geração de mais empregos no setor privado”, o que continuará a fazer pressão adicional nas finanças públicas. Isso colocaria em risco “a sustentabilidade fiscal a longo prazo e contribuiria para deteriorar os resultados do mercado de trabalho”.
Elogiando os progressos desde a independência em 2002, os responsáveis do FMI que visitaram Timor-Leste saudaram a retoma em crescimento económico a curto prazo, apesar de sublinharem que o país continua a enfrentar grandes desafios. A equipa do FMI destacou “a necessidade de adotar uma estratégia fiscal confiável e proteger os ativos do Fundo Petrolífero do país” enfatizando “a necessidade de melhorar o controle e aumentar a eficiência dos gastos e melhorar a mobilização de receitas”.
história
Rui de Brito Patalim em 1524 escreveu uma carta a D. Manuel I de Portugal, onde são referidos navios que tinham partido para Timor, atraídos pelos recursos naturais do território. Com a chegada do primeiro governador, vindo de Portugal em 1702, deu-se início à organização colonial do território, criando-se o chamado Timor Português.
O Tratado de Lisboa, celebrado a 20 de abril de 1859 entre os reinos de Portugal e dos Países Baixos conduziu à demarcação das possessões portuguesas e holandesas em Timor e ilhas adjacentes.
No contexto da Segunda Guerra Mundial, apesar de Portugal ter permanecido neutral, logo após o Ataque a Pearl Harbor, em Dezembro de 1941, Timor Português foi ocupado por tropas australianas e holandesas, a pretexto de impedir uma invasão japonesa. Mediante os protestos diplomáticos portugueses e o compromisso de respeito aos direitos de Portugal, foram enviadas para Timor tropas portuguesas estacionadas em Moçambique. A invasão japonesa viria a materializar-se em Fevereiro de 1942. O território passou então algumas vicissitudes com destaque para o Régulo D. Aleixo Corte-Real, que se recusou a entregar a Bandeira de Portugal aos japoneses e, por tal acto, foi executado sumariamente. A partir de então os timorenses passaram a recorrer à guerra de guerrilha, que conduziu à famosa Batalha de Timor (1942-1943) e que resultou num elevadíssimo número de civis timorenses mortos, calculado entre 40 e 70 mil.
Terminada a grande guerra, as Índias Orientais Holandesas viriam a tornar-se independentes em 1949, adoptando o nome de Indonésia.
Até 1959, a pataca timorense foi a moeda usada em Timor, altura em que foi substituída pelo escudo de Timor, baseado no escudo português, que circulou até à invasão indonésia de 1975.
Em 1975, na sequência do 25 de abril em Portugal e da decisão de proceder à rápida autodeterminação de todas as províncias ultramarinas, Timor Português declarou unilateralmente a independência — Portugal tentava, nesta altura, resolver os conflitos ultramarinos mas nunca incluiu Timor devido à distância.
A indonésia, a pretexto de proteger os seus cidadãos em território Timorense, invade a parte Leste da ilha e rebaptiza o território de Timor como Timur, tornando-a a sua 27ª província. Recebeu o apoio tácito do governo norte-americano que via a Fretilin como uma organização de orientação marxista.
Resistência Timorense
Após a ocupação do território pela Indonésia a Resistência Timorense consolida-se progressivamente, inicialmente sob a liderança da FRETILIN. Para apoiar as FALINTIL (Forças Armadas de Libertação de Timor-Leste), criadas em 20 de Agosto de 1975, organiza-se a Frente Clandestina ao nível interno, e a Frente Diplomática, ao nível externo. Posteriormente, sob a liderança de Xanana Gusmão é implementada a política de Unidade Nacional, unificando os esforços de todos os sectores políticos Timorenses e avançando com a despartidarização das estruturas da Resistência, transformando o CRRN (Conselho Revolucionário de Resistência Nacional) em CNRM (Conselho Nacional de Resistência Maubere), mais tarde transformado em CNRT (Conselho Nacional de Resistência Timorense), que viria a liderar o processo até à independência de Timor-Leste, já sob os auspícios das Nações Unidas. Aproximadamente 1/3 da população do país, mais de 250 mil pessoas, morreram na guerra. O uso do português foi proibido, e do próprio tétum foi desencorajado pelo Governo pró-indonésio, que realizou violenta censura à imprensa e restringiu o acesso de observadores internacionais ao território até a queda e morte de Suharto em 1998.
Riqueza de Timor
O Fundo Petrolífero de Timor-Leste valia 16,98 mil milhões de dólares (15,1 mil milhões de euros) no final de março, mais 1,18 mil milhões de dólares que no final de 2018, informou o Banco Central de Timor-Leste. Em concreto, o relatório agora divulgado mostra que durante os primeiros três meses do ano o fundo registou entradas brutas de capital de 240,27 milhões de dólares, incluindo 99,32 milhões de dólares de contribuições e 140,97 milhões de dólares referentes a royalties provenientes da Autoridade Nacional do Petróleo e Minerais (ANMP). No mesmo período, o rendimento dos investimentos do Fundo foi de 941.95 milhões de dólares, dos quais 101,35 milhões de dólares corresponderam a dividendos e juros e 848.72 milhões dólares devido às alterações do valor de mercados.
Figura nacional – Xanana Gusmão
O líder histórico da resistência timorense, José Alexandre Gusmão, está de volta à política ativa. A Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas recentemente em Timor-Leste com mais de 305 mil votos, ou 49,56% do total dos votos, segundo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral).
Estas eleições (as segundas em menos de um ano) visaram ultrapassar a crise política que se viveu no país desde a tomada de posse do governo minoritário de Mari Alkatiri, da Fretilin.
Na sequência do voto, a Fretilin constituiu executivo com o Partido Democrático (PD), numa coligação em que os dois partidos somaram 30 deputados num Parlamento de 65 eleitos, mas nunca conseguiu governar de forma efetiva. O CNRT, de Xanana Gusmão, segunda força mais votada em 2017 com 22 deputados, iniciou uma campanha de oposição sistemática, que acabou por levar o presidente Francisco Guterres a dissolver o Parlamento no final de janeiro.
Agora o “herói” da independência está de volta (também em coligação) e pretende o desenvovlimento económico e social tão esperado em Timor.
O mito da Ilha do Crocodilo
A figura ancestral mais conhecida da cultura de Timor Leste é o crocodilo, que se acredita que seja o bisavô, o rei dos antepassados, rei das águas e rei das montanhas. O crocodilo é a peça central da criação de Timor, que conta a história de um rapaz que salvou um crocodilo da morte. Em troca o crocodilo ofereceu-se para o levar no seu dorso numa aventura no mar. Só que o crocodilo perdeu-se e ficou esfomeado e queria comer o rapaz, mas não o fez em nome da dívida que tinha para com ele. Quando chegaram a uma zona onde o sol nascia no Leste, o crocodilo transformou-se numa terra que é agora a ilha de Timor.
Por isso, diz-que a ilha tem a forma de um crocodilo com as montanhas acidentadas como as costas do animal. Timor nascia assim com base na lealdade e no reconhecimento