Histórias de emigrantes assinalam 225 anos do Consulado de Portugal em Nova Iorque

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Um livro com histórias de 225 emigrantes portugueses nos Estados Unidos, uma por cada um dos anos do consulado português em Nova Iorque, coordenado pela antiga cônsul-geral de Portugal naquele Estado Manuela Bairos, foi apresentado em Lisboa.
“A conceção deste projeto partiu do facto de celebrarmos 225 anos do consulado. Era um consulado antigo e pensei que uma das melhores formas de celebrar os 225 anos era trazer a comunidade portuguesa às celebrações”, disse Manuela Bairos à Lusa, à margem da apresentação do livro ‘Vidas Com Sentido – 225 histórias de emigração’, na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A diplomata, que atualmente é embaixadora de Portugal no Chipre, referiu que o estatuto de cônsul-geral foi um facilitador na produção e coordenação do projeto, uma vez que “as pessoas confiam no consulado para entregar as suas histórias”.
O projeto, que foi desenvolvido durante dois anos, contou com a colaboração do coordenador-adjunto do ensino de Português nos Estados Unidos da América, de professores e alunos de três escolas comunitárias portuguesas – Farmingville, Brentwood e Mineola -, e de vários membros de clubes portugueses naquele estado do leste do país.
Manuela Bairos explicou que os alunos destas escolas foram fundamentais para a recolha de testemunhos.
“As escolas pediram aos alunos, através de um questionário, e os alunos foram para casa e pediram aos avós as histórias dos avós”, detalhou, acrescentando que estes textos eram, então, editados pelo coordenador do ensino.
A diplomata indicou que a prioridade neste projeto foi tratar da primeira geração de emigrantes portugueses em Nova Iorque, porque “era muito importante fixar estas histórias” de pessoas que “estão a acabar”.
Manuela Bairos disse que este foi um trabalho “comovente”, uma vez que levou os filhos e netos a conhecer melhor as histórias dos seus pais e avós.
“Eu fiquei muito satisfeita, quando recorri aos netos ou aos filhos (…). Eles às vezes comoviam-se porque percebiam o esforço que os pais tinham. Através das histórias, viam que os pais tinham vindo por causa deles, para dar um futuro melhor aos filhos. Era comovente”, constatou.
Para o futuro, Manuela Bairos não descarta a ideia de produzir um documentário com a compilação de testemunhos de portugueses de segunda geração em território norte-americano.
A apresentação da obra contou, entre outros, com a presença de académicos, da responsável do Arquivo Histórico-Diplomático, Margarida Lages, da ex-secretária de Estado da Emigração Manuela Aguiar, da ex-secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Fernanda Rollo e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que escreveu o prefácio do livro.
Na apresentação do livro, o chefe da diplomacia portuguesa referiu que a emigração portuguesa é um exemplo de que é possível a existência de sociedades “multiculturais, multiétnicas” e que estas representam “uma riqueza e não um problema”.

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