O IV Festival de Música de Mafra Filipe de Sousa, que se realiza de 30 de maio a 29 de junho, é dedicado ao Brasil, com pianistas e obras de alguns compositores daquele país.
“Este ano decidimos realçar a ligação ao Brasil que o próprio Filipe de Sousa também tinha”, afirmou na apresentação do festival o pianista e diretor artístico do evento, Adriano Jordão, que lembrou que o compositor Camargo Guarnieri dedicou a Filipe de Sousa, de quem era amigo, a sua “6.ª Sinfonia”.
Outra das novidades desta edição é a composição “Abertura para Filipe de Sousa”, que o compositor Armando Mota escreveu de propósito para o festival, que foi apresentado na quinta doada por Filipe de Sousa à Fundação Jorge Álvares, em São Miguel de Alcainça, no concelho de Mafra, distrito de Lisboa.
“Escrevi uma obra que fosse acessível ao público”, explicou Armando Mota, classificando de “composição não convencional” a peça de sete minutos dedicada a Filipe de Sousa que, apesar de ser um compositor do século XX, bebia de influências “não modernas”.
A composição faz parte do concerto inaugural, no dia 30, em que a orquestra Sinfónica do Festival e os pianistas brasileiros Lígia Moreno e João Soares, dirigidos pelos maestros Armando Mota e José Ferreira Lobo, vão interpretar não só a nova composição, mas também concertos para piano e orquestra de Grieg e Rachmaninoff.
O festival prossegue a 01 de junho, com a pianista Simone Leitão a tocar obras de Heitor Villa-Lobos, Bach e Busoni, Mehmari e Rachmaninoff e, um dia depois, com os brasileiros Lígia Moreno e João Elias Soares, na leitura de Rachmaninoff e Ravel.
A 15 de junho, o pianista João Elias Sousa apresenta obras de Cláudio Santoro, Villa-Lobos, Rachmaninofff, Scriabin e Liszt.
O festival continua a 22 de junho com um concerto do pianista português Vasco Santas dedicado à água, reunindo obras alusivas ao tema, de Ravel, Debussy, Liszt e Schulz Evler.
O festival encerra a 29 de junho com um concerto na Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, recordando a ligação à música do escritor José Saramago, que tinha no violoncelo o seu instrumento preferido.
O pianista e diretor artístico do festival, Adriano Jordão, apresenta-se ao lado dos Solistas de Lisboa, para interpretar obras de Mozart e o “Quinteto para cordas, em Dó maior, D.956”, escrito para dois violoncelos, de Schubert.
O festival percorre diferentes salas de espetáculos do concelho, sempre com concertos às 21:30.
Organizado pela Câmara Municipal de Mafra e pela Fundação Jorge Álvares, o festival é dedicado ao pianista e compositor Filipe de Sousa, falecido em 2006, que, nos últimos anos de vida, residiu em São Miguel de Alcainça.
Com o festival, as duas entidades querem homenagear Filipe de Sousa, que doou à fundação, ainda em vida, a casa e a propriedade que tinha naquela aldeia, onde reunira a sua biblioteca, coleções de obras de arte, discos, manuscritos, partituras e todo o seu espólio musical, explicou o presidente da fundação, Garcia Leandro.