Quase três semanas depois da passagem do ciclone Idai por três países da África Austral (Moçambique, Zimbabue e Malawi), e com o nível das águas a baixar, o Programa Mundial de Alimentação (PMA) quer chegar a mais do triplo do número atual de beneficiários em Moçambique, revela a ONU News.
Segundo uma publicação no site da organização, o PMA anunciou esta semana que pretende agora chegar a 1,2 milhão de pessoas, já que foram abertas as estradas para as áreas rurais das províncias moçambicanas de Sofala, Manica, Tete e Zambézia.
Num trabalho a realizar em parceria com com o Governo de Moçambique e o Instituto Nacional de Gestão de calamidades, a meta do PMA é poder agora ajudar mais do triplo das vítimas do ciclone Idai que já receberam ajuda alimentar.
A prioridade é entregar às pessaos atingidas pela calamidade, alimentos suficientes para 15 dias, que incluem cereais, leguminosas, alimentos fortificados e óleo vegetal. Neste momento, a ajuda alimentar às vítmas chega apenas para três dias.
“As áreas rurais devem ser alcançadas por via rodoviária e as entregas por via aérea e por barco continuarão a ser cruciais”, refere a ONU News na publicação.
O Programa Mundial de Alimentação quer chegar a 1,7 milhão dos 1,8 milhão de moçambicanos que precisam de assistência alimentar de emergência e que na sua maioria perderam casas, bens, plantações e meios de subsistência.
Para além da escassez de alimentos básicos, nos mercados locais estes subiram. Em alguns casos, o aumento foi de até cinco vezes.
Corrida contra a da cólera e outras infecções
A diretora regional para África da Organização Mundial da Saúde (OMS) visitou hoje a cidade de Beira, a segunda maior do país.
Matshidiso Moeti alertou que as próximas semanas são “cruciais” e que “a rapidez é essencial para salvar vidas e limitar o sofrimento”.
Já para amanhã, quarta-feira, está previsto o início da campanha de vacinação contra a na cidade da Beira, onde “pelo menos 1052 casos já foram registrados”, refere a ONU News, acrescentando que a OMS disponibilizou para a zona, mais de 900 mil doses de vacina oral contra a cólera.
A agência alerta que o aumento de pessoas que chegam aos centros de saúde com diarreia aguda faz prever um aumento de casos, pelo alto risco de infecção na área onde mais de 128 mil pessoas vivem em abrigos temporários.
A OMS tem na região uma equipa que inclui epidemiologistas, técnicos de logística e de prevenção de doenças, com os quais deve ser formado um grupo de 40 pessoas.
Um dos objetivos é restaurar serviços regulares de saúde e conter a propagação da cólera e outras infecções.
Os cuidados primários, com destaque para a imunização, o tratamento de doenças comuns, a desnutrição aguda e os cuidados maternos, são prioridades, assim como garantir a entrega de medicamentos para pessoas vivendo com HIV, tuberculose ou diabetes.