A Federação Internacional da Cruz Vermelha e a Cruz Vermelha Moçambicana lançaram ontem um apelo à angariação de 8 milhões e 800 mil euros para apoiar as comunidades afetadas pela tragédia na região da Beira.
“As prioridades são a prestação de cuidados de saúde e o fornecimento de abrigo, água e saneamento”, destaca uma nota divulgada pela Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), que está a organizar iniciativas em articulação com o Governo Português, várias autarquias e entidades do setor social e privado.
As iniciativas foram decididas após o apelo da Federação Internacional da Cruz Vermelha e da Cruz Vermelha Moçambicana e por indicação da Embaixada de Moçambique em Lisboa.
“Neste sentido, a Cruz Vermelha apela à doação para o seu Fundo de Emergência, de modo a que a ajuda humanitária chegue de forma rápida e eficiente, junto das pessoas que têm a sua vida, saúde e dignidade ameaçadas”, sublinha na mesma nota.
Por diretiva expressa da Federação Internacional, a CVP não está a receber donativos de alimentos ou bens de outra espécie, mas “agradece os contributos até agora disponibilizados”.
Numa publicação feita no seu site, a CVP indica que até às 11h30 de hoje, o “montante dos donativos recebidos pela Cruz Vermelha Portuguesa ascende a cerca de 300.000 euros, que serão discriminados no ponto de situação a emitir pelas 17h”.
Os donativos podem ser efetuados para o IBAN PT50 0010 0000 3631 9110 0017 4, através do multibanco, entidade 20 999, referência 999 999 999 ou online no site www.cruzvermelha.pt
Médicos, enfermeiros, socorristas prontos a seguir
Entretanto, a Cruz Vermelha Portuguesa tem em Lisboa, em total prontidão, uma equipa para intervir na Beira.
Segundo uma nota divulgada pela organização em Portugal, esta equipa é composta por médicos, enfermeiros, socorristas e especialistas em logística.
“Estão também disponíveis um hospital de campanha e material diverso de emergência, como rações de combate, camas e geradores. Estão igualmente reunidos stocks de pastilhas desinfetantes, soros, antibióticos, antimaláricos e sacos para cadáveres”, revela ainda.
Em simultâneo, a CVP está a organizar o envio de cinco toneladas de alimentos e produtos de higiene que já foram doados.
Em Maputo está a coordenadora das Relações Internacionais da CVP, Diana Araújo, para integrar a equipa de especialistas do Serviço de Restabelecimento dos Laços Familiares em articulação com o Comité Internacional da Cruz Vermelha.
“A CVP agradece a responsabilidade social e a solidariedade demonstrada pela comunidade em geral”, conclui na nota.
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué já provocou mais de 300 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
A Cruz Vermelha Internacional indicou na terça-feira que pelo menos 400 mil pessoas estão desalojadas na Beira, em consequência do ciclone, considerando tratar-se da “pior crise” do género no país.