Empresa portuguesa fundada em 1980, a Euroatla tem-se firmado no setor de logística e transporte a nível mundial. Um ganho de mercado fundamentado no facto da empresa oferecer aos clientes um serviço de transporte ‘porta a porta’.
“Oferecemos o percurso todo e prestamos também serviços transversais ao transporte”, destaca Sandra Ayres, diretora geral da Euroatla. Ana Gonçalves, diretora de negócios, acrescenta outra particularidade: “somos realmente especialistas no transporte do produto alimentar e de bebidas por temos já uma experiência de longa data”.
A Euroatla apresenta-se como uma empresa de referência na organização do transporte internacional de mercadorias…
Sandra Ayres: A oferta é essencialmente de transporte marítimo, mas também temos transporte aéreo e terrestre. Nós oferecemos um serviço ‘porta a porta’. Oferecemos o percurso todo e prestamos também serviços transversais ao transporte, como serviços de documentação, emissão de certificados, serviços aduaneiros, de armazenagem caso seja necessário, de consolidação de carga. Ou seja, temos uma série de serviços que complementam o transporte. O objetivo é, assim, oferecer ao cliente um serviço integrado.
Qual é o core business da empresa? E que leque de produtos a empresa transporta?
Ana Gonçalves: Fazemos maioritariamente o transporte de produtos dos setores agro-alimentar e bebidas. Somos realmente especialistas neste tipo de transporte, por temos já uma experiência de longa data. Apesar de não nos cingirmos apenas ao transporte de produtos destes setores. Historicamente, temos clientes com décadas de relação de trabalho com a Euroatla, muitos deles estão presentes no SISAB Portugal (Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas). Fomo-nos moldando à especialização que era requerida por estes clientes e acabamos por nos tornar especialistas no transporte de produtos agro-alimentares.
Sandra Ayres: O core business da Euroatla é o transporte marítimo focando-nos na zonas onde há presença de comunidades portuguesas. Daí a nossa relação com o SISAB Portugal. Os nossos clientes tradicionais representam uma comunidade portuguesa no estrangeiro, como, por exemplo, nos Estados Unidos. E esse é um mercado que se tem vindo a sofisticar.
A empresa tem uma oferta ‘porta-a-porta’. No setor do transporte e algo diferenciador…
Sandra Ayres: Sim, até porque o transporte de produtos agro-alimentares, por exemplo, tem a sua complexidade. E realmente, quando uma empresa deste género se torna especialista, pode dar uma consultoria ao cliente que se destaca daquilo que o mercado em geral pode oferecer. Sabemos quais são as condicionantes, que tipo de cuidados o cliente deve ter, as licenças necessárias para exportar para determinado país, etc.
O cliente da Euroatla ter obrigatoriamente que transportar um volume mínimo?
Ana Gonçalves: Nós não exigimos um volume mínimo de transporte. Fazemos desde o transporte de parcela, que começamos a fazer através de uma parceria com um fornecedor de transporte expresso, até à carga aérea de mais volume; fazemos o contentor completo e a parcela de contentor. E podemos fazê-lo em vertentes diferentes. Por exemplo, podemos fazer só uma parcela que depois partilha espaço com outras num contentor, como podemos juntar mercadorias para um cliente num destino específico, que nos pede cargas de vários exportadores. Oferecemos soluções de transporte adaptadas às necessidades dos clientes. E trabalhamos igualmente com importação.
Operam a partir de que portos?
Sandra Ayres: A partir dos portos de Lisboa, de Sines, de Leixões e de Setúbal. Porque a Euroatla abrange o país inteiro.
Qual é ou quais são os principais mercados da Euroatla?
Ana Gonçalves: Na realidade, operamos em todos os mercados internacionais, nesse sentido o nosso serviço é muito abrangente. Mas temos alguns destinos para os quais trabalhamos mais, porque são aqueles que os nossos clientes mais usam.
Sandra Ayres: Se tivermos que referir os principais, são o Reino Unido e os Estados Unidos. Temos também uma relação muito próxima com a China, noutro sector que não o agro-alimentar, porque trabalhamos com uma multinacional chinesa, assim como trabalhamos com o Médio Oriente. Ou seja, a nossa oferta é global.
Há algum novo mercado em perspetiva?
Sandra Ayres: O mercado do Canadá é muito interessante a explorar no transporte de mercadorias do agro-alimentar, também pela forte presença de uma comunidade portuguesa.
Com que desafios a Euroatla se depara?
Sandra Ayres: Há um desafio muito importante para este setor que tem a ver com a concorrência que começa a surgir, no setor dos transportes, de empresas de base tecnológica que permitem fazer marcações online, partilha de serviços, etc. É algo que temos estado a seguir e a estudar com muita atenção. Para perceber como essas pequenas e médias empresas portuguesas conseguem evoluir com as ferramentas tecnológicas necessárias para satisfazer as necessidades dos clientes sem, ao mesmo tempo, perder as características que nós temos hoje de um serviço muito personalizado.
Ana Gonçalves: É uma ‘revolução’ que inclui uma série de tecnologias, mas estamos muito atentos a essa realidade. Nós fizemos uma candidatura ao Programa 2020 e parte da verba dessa candidatura foi dedicada à modernização da empresa a nível tecnológico porque achamos que vai permitir alavancar (a empresa) a médio e longo prazo.
Há um outro movimento: o de existirem cada vez mais microempresas dedicadas a este setor, mas que não oferecem necessariamente serviços de especialização e não adicionam muito valor ao cliente. Mas fazer a mediação ‘pura e dura’ não é ser um transitário, porque o mediador do transporte acrescenta valor quando consegue agregar serviços, dar opções e ainda quando consegue dar algum serviço de consultoria ao cliente.
O futuro do transporte de mercadorias está no mar?
Sandra Ayres: Acho que sim. Sem dúvida nenhuma, apesar do comércio online ‘puxar’ um bocado pelo transporte aéreo. Desde logo pela dimensão. A grande revolução nos transportes foi o aparecimento do contentor. Quando se deixa de ter um navio onde acumula a carga e passa a ter as mercadorias acondicionadas num contentor, dá-se uma grande revolução no comércio global.
Ana Gonçalves: E o comércio marítimo permite a escala. Acho que o aéreo deverá crescer em complexidade e a nível de soluções, mas o transporte de longo curso é, por excelência, o marítimo, quando se fala em escala, é o único modo de transporte que o pode permitir. É claro que é necessário haver complementaridade, a chamada multimodalidade. E não há que ter receios em construir uma solução com meios terrestre, aéreo e marítimo se for necessário.
Até onde a Euroatla quer chegar? Sabendo-se que sem transportes não há exportações nem importações…
Ana Gonçalves: A premissa de continuar a tratar os clientes como temos tratado, de sermos um parceiro de negócios para os clientes, tem que estar lá sempre. Independente do que possa existir em redor disso.
Sandra Ayres: Queremos, pelo menos, mais 38 anos tão prósperos como os anteriores. E queremos manter este atendimento de excelência que alcançamos. Sem prejuízo do desenvolvimento de tecnologias e outro tipo de meios de serviço dos clientes.