A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) coordena o projeto Clim4Vitis, que possui um financiamento de um milhão de euros para desenvolver parcerias, partilhar conhecimento, medir e avaliar os impactos das alterações climáticas na viticultura europeia.
“O Clim4Vitis tem como objetivo desenvolver uma rede de parcerias a nível europeu na área da viticultura e das alterações climáticas que pretende, acima de tudo, a transferência de conhecimento entre parceiros de topo a nível europeu”, afirmou hoje à agência Lusa João Santos, coordenador do projeto e investigador da UTAD.
É esta universidade, localizada em Vila Real, que acolhe entre os dias 18 e 20 o “Clim4Vitis Days”, o evento de lançamento do projeto que junta parceiros da Alemanha, Itália e Luxemburgo e que vai ser implementado até ao final de 2021.
Trata-se de um projeto Horizonte 2020, que conta com um financiamento de um milhão de euros da União Europeia e tem como objetivos juntar o conhecimento de instituições europeias, promover a transferência de conhecimento, medir e avaliar os impactos das alterações climáticas na viticultura europeia.
João Santos referiu que a questão das alterações climáticas é “pertinente” e “atual”, e salientou que é importante defender a viticultura em países como Portugal, onde há muitas regiões dependentes desta atividade económica.
No nosso país, a perspetiva é que ao aumento das temperaturas se associe o problema da secura, ou seja da falta de recursos hídricos.
O investigador disse que a questão da seca é “muito grave” e lembrou que já estão a ser preparadas e implementadas medidas de mitigação, como o recurso a diferentes podas e formas de mobilização do solo ou a aplicação de protetores solares (caulino).
Mas, para João Santos, é preciso ir mais longe e desenhar novas vinhas com uma estrutura diferente, escolhendo uma menor exposição solar, maiores altitudes, recorrer à seleção de castas ou clones mais resistentes a climas secos e também ao sombreamento da própria vinha, plantando árvores como a oliveira que podem criar uma proteção para a videira.
Alguns países quentes e secos, segundo o especialista, estão a recorrer à técnica ‘mulching’ e que consiste em, simplesmente, espalhar palha seca na vinha o que reduz drasticamente a evaporação da água do solo.
O investigador referiu que, no final do projeto, vai ser criado um manual de boas práticas que vai ser divulgado junto do setor e disponibilizado ‘online’.
É coordenado pela UTAD, em consórcio com o Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático (Potsdam Institut fuer Klimafolgenforschung – PIK), na Alemanha, a Universidade de Florença (Universita degli studi di Firenze – UNIFI), em Itália, o Instituto de Ciência e Tecnologia do Luxemburgo (Luxembourg Institute of Science and Technology – LIST) e a Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI).
Durante os três dias do “Clim4Vitis Days” a UTAD vai receber especialistas de organismos europeus especializados em alterações climáticas e viticultura.
O evento inclui um workshop que visa fornecer uma visão geral de diferentes abordagens de última geração de modelação de videira e abordará a fenologia, o crescimento, pragas e doenças da videira sob diferentes condições ambientais.
Inclui também um curso de formação avançado dedicado às alterações climáticas e à viticultura, que irá fornecer informação sobre as melhores práticas com valor agregado ao setor.
A conferência é organizada pelo Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da UTAD e dirige-se a estudantes, investigadores, produtores e empresas do setor.