O programa INOV C 2020 premiou 15 projetos científicos inovadores, a maioria na área da saúde. O investimento privilegia a aplicabilidade comercial da investigação científica dos projetos.
Os prémios são dados na forma de ‘Bolsas de Ignição’, financiadas pelo programa INOV C 2020 e atribuídas em julho de 2018 a quinze projetos de investigação científica.
“Os promotores dos projetos de investigação estão na fase de preparação, adquirindo bens, serviços e materiais essenciais ao desenvolvimento dos projetos”, informa uma nota de imprensa divulgada pelos responsáveis do INOV C 2020.
Com um investimento total de cerca de 150 mil euros, as ‘Bolsas de Ignição’ têm um financiamento máximo de 8.500 euros por projeto.
São dirigidas a investigadores e docentes ligados aos centros de investigação da região centro do país, nomeadamente a Universidade de Coimbra, Instituto Politécnico de Leiria e Instituto Politécnico de Tomar.
Os quinze projetos científicos envolvem 68 pessoas e devem ser executados num prazo de 12 meses. São, na sua maioria projetos ligados à área da saúde, mas há também outros nas áreas da indústria, alimentação, construção ou segurança.
“A seleção de projetos teve em conta o grau de inovação e desenvolvimento e o potencial de valorização comercial e que tenham como objetivo a elaboração de testes ou prototipagem de produtos e serviços resultantes da investigação científica”, explica a mesma nota.
Dados dos últimos relatórios do programa revelam que as ‘Bolsas de Ignição’ já levaram à criação de quatro novas startups e à angariação de financiamento seis vezes superior ao total investido nas bolsas.
“Este é um instrumento fundamental no processo de inovação, tornando as propostas mais atrativas ao investimento privado e facilitando a transferência da tecnologia para o tecido empresarial”, referiu Amílcar Falcão, vice-reitor da Universidade de Coimbra.
Folhas de mirtilo para tratar a esclerose
Um dos projetos contemplados com uma bolsa do INOV C2020 pretende usar as folha de mirtilo no tratamento da esclerose múltipla. Este é um projeto de um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e aposta no potencial terapêutico da folha de mirtilo, um subproduto agrícola desperdiçado, para o tratamento da esclerose múltipla.
Também da UC foi escolhido um projeto que quer aumentar vida útil das baterias dos veículos elétricos, através do controlo da sua temperatura.
Outro projeto de UC que viu a sua aprovação a uma das bolsas do INOV C2020, pretende combater o desperdício alimentar na indústria queijeira. O soro que resulta do fabrico do queijo é o principal excedente da indústria queijeira e contribui para diversos problemas de impacto ambiental. O projeto para fabrico de bebidas fermentados à base de concentrados de soro pretende reaproveitar e valorizar este subproduto, fechando o ciclo de produção.
Otimizar o processo de obtenção de mel em pó
Do Instituto Politécnico de Leiria, foi escolhida uma solução à base de algas que aumenta a durabilidade de maçãs processadas.
Este projecto visa a optimização do processo de desidratação do extracto e a determinação do seu tempo de prateleira. A solução à base de algas para revestimento comestível de produtos hortofrutícolas tem como objetivo aumentar a durabilidade deste produto.
Também do Instituto Politécnico de Leiria foi aprovado para uma ‘Bolsa de Ignição’, um projeto que pretende otimizar o processo de obtenção de mel em pó, assegurando a estabilidade, qualidade e segurança deste produto.
O mel atualmente é comercializado a preços reduzidos, o que leva a que se procurem alternativas que viabilizem as explorações apícolas nacionais. Para os investigadores a produção de mel em pó constitui uma oportunidade para obtenção de novos produtos de valor acrescentado, com grande impacto na economia e imagem do setor.
Por outro lado favorece o consumidor, na medida em que permite explorar outras aplicações na sua alimentação, como substituto de açúcar no café, chá ou até mesmo para utilização no setor da panificação e pastelaria.
O INOV C 2020 é cofinanciado pelo Centro 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Do consórcio INOV C 2020, liderado pela Universidade de Coimbra, fazem parte dez parceiros nucleares: o Instituto Politécnico de Coimbra, o Instituto Politécnico de Leiria, o Instituto Politécnico de Tomar, o Instituto Pedro Nunes, o ITeCons, o SerQ, a ABAP, a Obitec e o TagusValley.
Os parceiros executam um investimento total de 1.640.765 euros, sendo o montante de 1.394.650 euros financiado pelo FEDER.
Ana Grácio Pinto