O cartaz oficial da Festa dos Tabuleiros foi apresentado pela Comissão Central da Festa, no sábado, dia 19 de janeiro, às 15h30, na Casa Vieira Guimarães, em Tomar, sede da Festa dos Tabuleiros. A Festa dos Tabuleiros decorrerá entre os dias 29 de junho e 8 de julho de 2019. No Domingo de Páscoa, 21 de abril, terá lugar a Procissão das Coroas e Pendões do Espírito Santo, com a participação das 11 freguesias e Misericórdia de Tomar e Câmara; estando reservado para o dia 30 de junho o Cortejo dos Rapazes. A abertura das Ruas Ornamentadas acontece no dia 4 de julho, prolongando-se até ao encerramento da Festa dos Tabuleiros, no dia 8. O Cortejo do Mordomo decorrerá no dia 5 de julho, enquanto os Cortejos Parciais dos Tabuleiros têm lugar no dia 6.

Cortejo dos Rapazes que se realiza com as crianças do concelho ( foto António Freitas)
A Procissão das Coroas e Pendões do Espírito Santo e o Cortejo dos Tabuleiro acontece no dia 7 de julho e a distribuição do Bodo ou Pêza, a encerrar os festejos, no dia 8 de Julho.
Meio milhar de tabuleiros
Estima-se que sejam transportados meio milhar de tabuleiros, por meio milhar de raparigas e senhoras e seu par, em representação das 11 freguesias de todo o Concelho e esta Festa única em Portugal e no Mundo, em honra do Divino Espírito Santo, é uma festa de oferendas simbolizado no pão e no trigo que ornamenta os tabuleiros, que são transportados à cabeça das raparigas, e em número de 30 pães, dispostos em canas e devidamente ornamentado o tabuleiro com flores de papel. As suas origens remontam ao tempo em que D. Dinis obtinha do papa João XXI a criação da Ordem de Cristo, e a Rainha Santa Isabel de Aragão ( sua esposa) fundava as Irmandades do Espírito Santo, que celebravam o Pentecostes. A Ordem prestou extraordinários serviços a Portugal e as Irmandades iniciaram um grande movimento de solidariedade Cristã. O Pentecostes evoca a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e a celebração adapta reminiscências de rituais pagãos, alguns dos quais perduram na festa dos Tabuleiros.

Os tabuleiros são benzidos na Praça da República onde se está a Igreja de S. João Batista (foto António Freitas)
As festas de Tomar, conhecidas pelo menos desde o século XVII, têm preservado rigorosamente os seus aspectos mais importantes.
Perdido o ritual dos “Impérios” com a coroação dos Mordomos e Festeiros, mantém a tradição original. Da cidade de Tomar esta tradição, dado aqui estar sediada a Ordem de Cristo, foi levada pelos primeiros povoadores par a ilha dos Açores – Santa Maria e S. Miguel e o culto do Espírito Santo ganhou fortes raízes e apego as ilhas dos Açores e daqui foi levado este culto pelos imigrantes para os EUA, Canadá e Brasil. Em Tomar, a tradição tem por base o cortejo, que é uma procissão, a benção do pão, pelo Bispo da Diocese de Santarém, os pendões e as Coroas do Espírito Santo, a forma dos tabuleiros, o simbolismo da virgindade expresso pela alvura das vestes das raparigas que os transportam à cabeça, e a “Pêza” ou “ Distribuição do Bodo” : um cerimonial de confraternização que persiste, na distribuição pelos pobres de pão benzido, carne e vinho.
Os Tabuleiros encimados pela coroa rematada pela Cruz de Cristo ou pela pomba do Espírito Santo, desfilam numa explosão de cor, que contrasta com a simplicidade do ornamento dos trajos brancos das moças que os transportam á cabeça e com a modéstia do povo de Tomar.

As raparigas transportam os tabuleiros à cabeça (Foto António Freitas)
Elas, vestidas de branco com cores vivas á cintura e ao tiracolo, levando à cabeça os tabuleiros; eles, de camisa branca e calça preta, com cinta preta á cintura e de gravata da cor das fitas da rapariga.
Dado o seu custo e logística a Festa dos Tabuleiros realiza-se de 4 em 4 ano, tendo a última sido realizada em 2015. Outro momento desta festa e introduzido há una anos foi a possibilidade de as crianças em idade escolar puderem participar e aí surgiu o Cortejo dos Rapazes, que decorre na semana antes do Grande Cortejo. É outra festa dentro da festa, embora em percurso mais curto. Vedada a participação das crianças no Grande Cortejo, o Cortejo dos Rapazes é a solução encontrada para que às crianças seja dada a possibilidade de viverem intensamente a sua Festa. O Cortejo dos Rapazes é um cortejo à imagem da Grande Cortejo, que ocorre na domingo anterior a este, nele participando os alunos dos Jardins de Infância e Escolas Básicas.
As Ruas Populares Ornamentadas, os jogos Populares, são outra manifestação de alegria, arte de trabalhar o papel e união das pessoas que moram dentro da cidade .
Depois de no Domingo de Páscoa, de 2019 com a Saída das Coroas e Pendões de todas as freguesias em procissão animado por gaiteiros, tamborileiros, fogueteiros e bandas de música, a festa está na rua e esta bonita cidade banhada pelo Nabão, engalanada para a partir daí, repetir-se sete vezes tal Procissão das Coroas do Divino, apresentando apenas as Coroas e Pendão da Cidade e algumas das freguesias. Na sexta-feira anterior ao Cortejo dos Tabuleiros ( dia 5 de Julho) tem lugar o Cortejo do Mordomo, o qual simboliza a entrada na cidade dos bois do sacrifício que, no passado, viriam a ser abatidos para distribuição da carne.
Antigamente chamava-se Cortejo dos Bois do Espírito Santo; hoje é um importante cortejo de carruagens e cavaleiros, com as parelhas de bois à cabeça.
O Tabuleiro é o Símbolo e principal alfaia da Festa dos Tabuleiros. Deve ter a altura da rapariga que o carrega. Ornamenta-se com flores de papel, verdura e espigas de trigo. É constituído por 30 pães de formato especial e 400 gramas cada, enfiados equitativamente em 5 ou 6 canas. Estas saem de um cesto de vime envolvido em pano bordado e são rematadas, no topo, por uma coroa encimada pela Cruz de Cristo ou Pomba do Espírito Santo. O traje feminino compõe-se de vestido comprida, branco, com uma fita colorida a cruzar o peito; o masculino é uma simples camisa branca de mangas arregaçadas, calças escuras, barrete preto ao ombro e gravata na cor da fita da rapariga.
Estas Festas estão a trabalhar e já iniciaram o estudo de Candidatura a Património Nacional e posteriormente a Património Imaterial da Unesco e registe-se que por Tomar na semana dos festejos passam mais de meio milhão de visitantes
António Freitas
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