O presidente da associação de beneficiários do Vale da Vilariça, em Trás-os-Montes, anunciou hoje que está em curso o projeto de uma quarta barragem, visando acabar com os problemas no regadio de um dos vales mais férteis do país. Fernando Brás adiantou à Lusa que com o financiamento dos municípios de Vila Flor e Alfândega da Fé está concluído o estudo prévio da nova barragem, que terá um custo a rondar os 10,7 milhões de euros, para resolver o mais grave problema de regadio, a falta de capacidade da principal barragem, a da Burga.
O estudo prévio já foi entregue à tutela, segundo o responsável, para análise e aprovação, e os agricultores da Vilariça aguardam agora pelo próximo período de candidaturas a fundos comunitários para garantir o financiamento daquela que será a quarta barragem do Vale.
A candidatura, explicou o presidente da associação, “é para garantir a aprovação desta obra e, depois de aprovada, serão realizados também o projeto de execução e o estudo de impacto ambiental, para garantir que a obra física seja feita”.
O problema arrasta-se há vários anos, com a barragem da Burga a regar uma área muito superior àquela para que tinha sido projetada, sendo que a única forma de garantir água a este bloco de regadio é criar um novo armazenamento, segundo Fernando Brás.
A barragem da Burga foi construída para uma aérea de regadio de 352 hectares e a aérea plantada já ultrapassa os 700 hectares.
“Dificilmente a água existente na Burga chegaria para aquele regadio todo e esse tem sido o grave problema”, constatou.
A nova barragem será um projeto para “demorar dois ou três anos” a concretizar, num vale que esperou décadas pelo plano de regadio projetado na década de 1960 pelo chamado “pai” da agricultura transmontana, o engenheiro Camilo Mendonça.
A nova barragem pretendida resolve os problemas que surgiram dentro da aérea delimitada do perímetro de rega da Burga, porém Fernando Brás indicou que “há muito pedidos de agricultores que querem regar fora do perímetro de rega e há centenas de hectares a serem regados fora do perímetro”.
“Esperamos que haja condições para poupança de água e que se consiga alargar o perímetro de rega e que haja mais pessoas a beneficiar”, afirmou.
Os últimos dados disponíveis são de finais de 2017 e revelam que em todo o Vale da Vilariça estavam a ser regados 1.500 hectares entre olival, vinha, frutícolas e hortícolas, com um total de 554 agricultores beneficiados.
O potencial do vale, como referiu o presidente da associação de beneficiários é de uma aérea de 2.500 hectares e 800 agricultores, que espera alcançar com o reforço da nova barragem e capacidade de poupança de água.