“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Este é o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que celebra hoje 70 anos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas no Palácio de Chaillot, em Paris, três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. O texto foi discutido, durante 18 meses, por um comité com membros e conselheiros de todo o mundo.
Um de seus principais autores, René Cassin, informava que “no final de 100 sessões de discussão, muitas vezes apaixonada, a Declaração foi adotada, com a forma de 30 artigos, em 10 de dezembro de 1948.”
Setenta anos depois, o secretário-geral da ONU afirmou que todas as pessoas têm o dever de “defender os direitos humanos para todos, em todos os lugares.”
Na mensagem que divulgou pelo Dia dos Direitos Humanos, António Guterres afirmou que a Declaração Universal dos Direitos Humanos “tem sido um farol global iluminando a dignidade, a igualdade e o bem-estar e trazendo esperança a lugares obscuros.”
Sublinhou ainda que estes direitos aplicam-se a todos, independente da raça, crença, localização ou outra distinção de qualquer tipo.
E lembrou que os direitos humanos “são universais e eternos” e que estas proteções “também são indivisíveis”.
“Não se pode escolher entre os direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais”, disse ainda na sua mensagem, o secretário-geral da ONU.
O dia de hoje existe também para homenagear os defensores dos direitos humanos “que arriscam as suas vidas para proteger as pessoas diante do aumento do ódio, do racismo, da intolerância e da repressão”, destacou ainda.
António Guterres afirmou que os direitos humanos “estão cercados” em todo o mundo e que valores universais estão a ser “desgastados”, com o Estado de direito a ser “minado”.
“Agora, mais do que nunca, o nosso dever é claro: defender os direitos humanos para todos, em todos os lugares (do mundo)”, assegurou.

Imagem de encontro do comitê que elaborou a Declaração Universal dos Direitos Humanos
100 vozes para os Direitos Humanos
Para marcar um ano de campanha de celebração do 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi lançado um site chamado ‘Stand Up 4 Human Rights’.
Foi ainda criado o projeto ‘Add Your Voice’, que visa promover e disseminar a Declaração Universal dos Direitos do Homem em mais de 100 idiomas.
A aplicação online permite que as pessoas gravem a leitura de um artigo da Declaração na sua língua e que partilhem essa gravação nas redes sociais.
Já foram feitas gravações de artigos em mais e 80 línguas.
Em nota publicada na sexta-feira, um grupo de especialistas independentes nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos afirmou que, “após a adoção da Declaração Universal, o mundo testemunhou um desenvolvimento exponencial dos padrões internacionais de direitos humanos.”
O texto foi assinado por todos os especialistas associados ao Conselho. Neste momento, existem cerca de 80 mandatos.
Na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, decorre uma exposição dedicada ao papel das mulheres na elaboração da Declaração. A exibição foi aberta pelo Secretário-geral da ONU e pela presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa.
Em mensagem publicada no Twitter, a responsável disse que era importante “lembrar os arquitetos originais da declaração”, pessoas que “reconheceram o valor e a dignidade da vida humana.”
Também na sede da ONU, a presidente da Assembleia Geral participou na recriação de uma fotografia antiga que mostra várias crianças segurando uma cópia da Declaração Universal. Na ocasião, María Fernanda Espinosa disse que a mensagem do documento “é tão relevante hoje como era naquela altura”.