“Diamantino”, a primeira longa-metragem de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, estreia hoje em França, em 30 salas por todo o país.
Abordando temas transversais como “o crescimento da extrema-direita, a crise dos refugiados ou as fronteiras de Trump [Presidente dos Estados Unidos da América]”, os realizadores esperam que esta obra premiada traga “muita gente” para ver o filme.
O filme já teve a sua ante-estreia, a primeira sessão comercial, lotada num cinema da capital, Paris, levando a audiência às gargalhadas em muitos momentos do filme.
“Eu quero que muita gente venha ver o filme. Eu e o Daniel, o correalizador, tentámos que o filme tivesse piada e um personagem principal, o Diamantino, que nos tocasse de alguma maneira”, disse Gabriel Abrantes, correalizador do filme, em declarações antes da ante-estreia.
“Diamantino” venceu em maio o Grande Prémio da Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes.
O filme, que estreará em Portugal em 2019 ainda sem uma data definitiva, conta a história de Diamantino, interpretado pelo ator Carloto Cotta, uma superestrela do futebol mundial, cuja carreira cai em desgraça.
Sobre a transposição para filme de uma realidade tão portuguesa, o realizador luso-americano considera que o país onde a longa-metragem é vista não é importante, já que trata de “questões relevantes” para todos.
“O filme fala sobre a Europa, sobre os Estados Unidos, sobre o crescimento da extrema-direita, a crise dos refugiados, Trump a fazer fronteiras. Metemos isso tudo em Portugal. Fala sobre questões relevantes e não importa muito onde está a ser visto”, afirmou Gabriel Abrantes.
Estreando em França, há a possibilidade de o filme ser visto pela comunidade portuguesa e, apesar de ser uma paródia com coisas que os portugueses levam muito a peito, o realizador espera que as pessoas se apaixonem por Diamantino.
“O filme, na superfície, parece que está a gozar com coisas que os portugueses levam muito a peito, mas não está. O Diamantino é um personagem muito diferente, que tem algumas referências a um lado mais superficial de um ícone futebolístico português, mas é também um personagem que gera muita empatia. Ao longo do filme ficamos mais e mais apaixonados pelo Diamantino”, assegurou Gabriel Abrantes.
O realizador português mantém uma relação com França, onde estudou e trabalhou.
“Tenho uma relação de longa data com este país, também de apreciação cultural. Este filme, por exemplo, é muito inspirado no “Candide de Voltaire”, disse o realizador.
Gabriel Abrantes está agora a terminar uma curta-metragem, gravada no Louvre, “sobre uma escultura que foge do museu porque está farta de ser só um objeto e quer ser ativa politicamente”, esperando estreá-la em Cannes.
“Diamantino” foi recentemente nomeado para os Prémios Europeus de Cinema (European Film Awards – EFA), na categoria Comédia Europeia, que serão entregues em 15 de dezembro, em Sevilha, Espanha.