O Museu Calouste Gulbenkian reúne um acervo de arte iraquiana considerado raro e um dos mais importantes em todo o mundo.
Incluído na Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian, o núcleo de arte iraquiana é composto por 31 peças e considerado um dos mais importantes em todo o mundo.
Até final de janeiro do próximo ano, estas obras podem ser admiradas na exposição ‘Arte e Arquitetura entre Lisboa e Bagdade. A Fundação Calouste Gulbenkian no Iraque, 1957–1973’.
Reúne, além do núcleo de arte iraquiana modernista da Coleção Moderna e vários documentos da Biblioteca de Arte e do Arquivo Gulbenkian relativos à construção de edifícios no Iraque, patrocinados pela Fundação Calouste Gulbenkian durante quase duas décadas. Os documentos, originais, nunca foram, na sua maioria, expostos em Portugal.
refletem a estratégia de apoio ao desenvolvimento que a Fundação ensaiou naquele país entre 1957 e 1973.
“Entre o final da década de 1950 e o princípio da década de 1970, a Fundação Calouste Gulbenkian desenvolveu uma fortíssima atividade filantrópica no Iraque, utilizando, para tal, parte das receitas da exploração petrolífera realizada naquele país”, recorda uma nota divulgada pela Fundação Calouste Gulbenkian, acerca da exposição
Até 1972, ano em que o Governo iraquiano nacionalizou a exploração de petróleo, a Fundação tinha subsidiado a construção e o equipamento de 120 estruturas, entre escolas, universidades, hospitais e museus, e apoiado 615 bolseiros iraquianos em pós-graduação e estágios no país e no estrangeiro.
Entre as obras construídas ou apoiadas pela Fundação nessas duas décadas destaca-se o Modern Arts Centre em Bagdade (conhecido por Gulbenkian Hall), que foi o primeiro espaço desenhado de raiz para a exposição de obras de arte moderna no Iraque.
Quando o Centro abriu portas, em 1962, a Fundação Calouste Gulbenkian “adquiriu um importante núcleo de obras iraquianas a que se juntou um outro conjunto de peças, comprado mais tarde, por ocasião da exposição que inaugurou o edifício-sede da Sociedade dos Artistas Iraquianos, em 1966, e cuja construção fora subsidiada pela Fundação”, explica-se na nota.
Uma mostra sobre arte e arquitetura
Estes dois momentos de aquisição formam a base do que é hoje o raro núcleo de arte moderna iraquiana do Museu Calouste Gulbenkian, composto por 31 obras. Gravuras de Rafa Nasiri, Salem Dabbagh e Hashim Samarchi, formados em Portugal na Cooperativa Gravura com bolsas atribuídas pela Fundação em 1968, completam esta coleção, cuja constituição é contextualizada nesta exposição.
Amostra dá destaque a temas de arte e arquitetura, abarcando questões de preservação e divulgação de património e revelando, por exemplo, a existência do inacessível e praticamente desconhecido Centro Gulbenkian de Arte Moderna de Bagdade.
O ponto de partida a Semana Cultural Gulbenkian que a Fundação organizou em Bagdade, em novembro de 1966, e que coincidiu com a inauguração do Estádio do Povo (Al-Sha’ab), um grande complexo desportivo projetado pelos arquitetos Francisco Keil do Amaral e Carlos Manuel Ramos e construído também pela Fundação, que se tornou uma referência no Médio Oriente.
Com curadoria de Patrícia Rosas e Ricardo Agarez, esta exposição é um projeto de colaboração entre o Museu Calouste Gulbenkian e a Biblioteca de Arte e Arquivos Gulbenkian, com o apoio do Serviço de Bolsas.
Arte e Arquitetura entre Lisboa e Bagdade
A Fundação Calouste Gulbenkian no Iraque, 1957-1973
Av. de Berna, 45 A – Lisboa
Galeria do Piso Inferior, espaço Conversas, Museu Calouste Gulbenkian
Até 28 de janeiro de 2019
De segunda a sexta-feira das 9h às 13h e das 14h30 às 17h30.
Encerra aos feriados, 24 e 25 de dezembro
Ana Grácio Pinto