Portuguesa em França que escondeu a filha na mala do carro condenada a cinco anos de prisão

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A emigrantes portuguesa em França que escondeu a filha na mala do carro foi condenada esta sexta-feira a cinco anos de prisão.

Rosa Maria da Cruz foi condenada esta sexta-feira, pelo Tribunal de Tulle, na Corrèze, no centro de França, a cinco anos de prisão, três deles de pena suspensa. A condenação deveui-se a ter mantido a filha entre um quarto escuro e a mala do carro durante os seus dois primeiros anos de vida.
Rosa Cruz vai já dormir esta noite na prisão e pode recorrer da sentença. O Ministério Público francês tinha pedido uma pena de prisão efetiva de oito anos.
A portuguesa, radicada na região de Correze, no centro de França, que escondeu a filha na mala do carro, estava acusada de lhe ter causado profundos atrasos de desenvolvimento físico e mental.
Rosa Cruz alegou em tribunal “rejeição da gravidez”, que já lhe acontecera com dois dos três filhos anteriores. Escondeu a menina, a quem chamou de Serena, do olhar e do conhecimento de todos, incluindo do marido e pai da criança.
Em 2013, a criança, na altura com dois anos, foi descoberta na mala do carro de Rosa Cruz, quando esta teve de levar o veículo ao mecânico.
Antes disso, a portuguesa afirmou, tanto no processo, como aos meios de comunicação franceses, que a menina vivia na cave da casa que partilhava com o marido e mais três filhos, mas ninguém tinha conhecimento da sua existência.
Após o marido ter perdido o emprego e passar mais tempo em casa, Rosa Cruz terá passado a esconder a menina na mala do seu carro.

Via a filha como “uma coisa”

Rosa Cruz já mudou várias vezes a sua versão sobre os primeiros anos da filha, afirmando inicialmente que tomava bem conta da menina e, mais tarde, que a deixava até dois dias sem comer e sem qualquer assistência. Esta semana, em tribunal, admitiu que via a filha como “uma coisa”.
“Queria passar por uma boa mãe para não perder os meus outros três filhos. Tudo o que disse durante os outros interrogatórios é falso. Para mim, a Serena era uma coisa que não existia”, disse a portuguesa em tribunal, reforçando que nem sequer deu nome à menina e inventou Serena quando a polícia veio à sua procura.
Em 2013, a menina apresentava graves sinais de atrasos de desenvolvimento, não sendo capaz de levantar o pescoço ou sentar-se. Estava magra e tinha o aspeto de uma criança de 5 ou 6 meses. Hoje, com sete anos, apresenta sinais de autismo profundo e défice mental de 80%.
A menina foi imediatamente retirada aos pais, assim como os três irmãos. A família foi seguida nos últimos cinco anos pelos serviços de assistência social em França, tendo os irmãos mais velhos regressado a casa.
As acusações contra Rosa Cruz foram agravadas em 2016, quando uma perícia revelou que os maus tratos deixaram problemas físicos e mentais permanentes na criança.
Os psicólogos indicaram durante o julgamento que Rosa Cruz está apta a ser julgada, mas que teve síndrome de negação de gravidez, não se dando conta que estaria grávida e não tendo quaisquer sintomas nem ligação à criança.

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