Reconhecida como uma das melhores vozes de todos os tempos, a cantora Mariza está em digressão europeia e, a partir de 30 de Novembro, vai estar em França para uma série de concertos que terminam a 8 de Dezembro, em Paris. Antes, atua já no dia 17 em Londres (London Southbank Centre) e em Madrid, no dia 25, no Auditório Nacional. Em solo francês vai estar em Amneville (30), em Strasbourg (1 de dezembro), em Bordeaux (2), em Clermont-Ferrand (7) e Paris (8). Em dezembro, a fadista atua também na Suíça, em Lucerna, no dia 13.
O que podemos esperar dos concertos em França? Vai ter uma forte presença portuguesa…
Os concertos que vou apresentar em França são muito baseados neste último disco. Mas claro que vou cantar temas que já fazem parte deste percurso de quase 20 anos, como “Chuva”, “Ó Gente da Minha Terra”, entre outros. No fundo é uma celebração da música que tenho feito e também da língua Portuguesa.
No seus concertos pergunta se há portugueses presentes. Conforta-a sentir que está acompanhada “pelos seus”?
É sempre bom saber que os “meus” não me deixam sozinha e não se esqueceram de mim. Que continuam atentos a minha música. Deixa-me muito feliz.
Viaja bastante e já viveu no estrangeiro. Quando está fora de que sente falta?
Quando viajo sinto falta de casa, sinto falta do sol. Da nossa alegria, da nossa boa e única gastronomia. Mas do que sinto mais falta é do abraço do meu filho todas as manhãs.
Tem colecionado distinções um pouco por todo o mundo e cada vez que lança algo novo consegue surpreender. Em quê ou em quem se inspira no seu dia-a-dia para continuar?
O que me inspira é a vida, as pessoas. O Amor! Sou uma observadora nata, tudo isso me ajuda a ser como sou. Porque não existe um coração no Palco e outro na vida real, é só um coração que canta, o meu é esse e alimenta-se de tudo o que o rodeia.
O fado é claramente a primeira coisa em que pensamos quando falamos na Mariza. Mas como intérprete é mais eclética com abordagens a outros estilos. É um caminho a explorar ainda mais?
Eu quero fazer boa música. E o fado é tudo isso e muito mais. Por todas as raízes que trago é natural que se sinta algumas diferenças na interpretação. Mas nada me deixa mais orgulhosa do que cantar em Português, ter boas letras, bons músicos. Tudo isso é a minha verdade e é isso que eu canto: a minha verdade.
Sente orgulho quando ouve que é embaixadora de Portugal no mundo?
Mentiria se disse-se que não. Claro que sinto orgulho, e dá-me mais força para continuar e querer fazer e representar Portugal cada vez melhor.
Com a Mariza o fado aproximou-se dos mais jovens que prestaram atenção a algo tão português e que por vezes era esquecido. Conseguiu acompanhar essa mudança e ter noção que estava a acontecer?
Tenho muita noção do que aconteceu desde o meu primeiro disco. De como as consciências mudaram em relação ao fado. Em relação a como se pode chegar a diferentes quadrantes.
Neste último trabalho tem uma letra sua. Vamos ter mais no futuro?
Quanto a ter mais letras minhas num disco, não sei. O futuro o dirá.
As receitas de “Trigueirinha” revertem a favor da Casa do Artista. Como surgiu a ideia para esta causa?
A Casa do Artista é um espaço que acolhe todas as pessoas que estiveram relacionadas com o Mundo do Espetáculo e que não têm para onde ir. Fazendo um trabalho muito válido e passando muitas vezes por dificuldades. Sendo eu artista não poderia ficar indiferente a este espaço, a estas pessoas, a estes gestos. Por isso a minha mais humilde forma de contribuir, mas não o fiz sozinha, comigo estiveram grandes Artistas Portugueses que admiro: Jorge Palma, Mariza Liz, Tim, Ricardo Ribeiro, Mafalda Veiga, Carolina Deslandes. É um abraço de todos nós.
É Embaixadora de Boa Vontade da UNICEF. Como olha hoje para o mundo? Ainda há muito por fazer?
No Mundo haverá sempre tudo para fazer. Por isso tento sempre abraçar causas humanitárias. Eu também vim de longe, passei necessidades e consegui chegar até aqui. Porque não tentar dar oportunidade a outros jovens, a outras pessoas?! O Mundo está em constante mutação, tornando-se cada vez mais difícil e duro. Deveríamos todos pensar que o Mundo é de todos e somos todos uma grande família.
Ana Rita Almeida