O candidato português a uma nomeação para os Óscares em 2019 vai ser apresentado nesta sexta-feira, 16 de novembro, no IndieLisboa Film Sessions no The Castle CInema (First Floor, 64 – 66 Brooksby’s Walk) em Londres, juntamente com três curtas-metragens.
A longa-metragem, realizada por João Botelho, adaptou para o cinema episódios do livro ‘Peregrinação’, de Fernão Mendes Pinto (1509-1583), impresso pela primeira vez em 1614, que relata a presença de portugueses no Oriente através das crónicas de viagens do autor.
O filme é protagonizado por Cláudio da Silva, à frente de um elenco que inclui, entre outros, Catarina Wallenstein, Pedro Inês, Maya Booth, Cassiano Carneiro, Rui Morisson, Jani Zhao e Zia Soares, e tem como banda sonora ‘Por este rio acima’, do músico Fausto Bordalo Dias, interpretado por um coro masculino.
O filme foi escolhido pela Academia Portuguesa de Cinema para a competição de melhor filme estrangeiro, tanto dos prémios Goya (Espanha) como dos Óscares (EUA), cujos vencedores serão conhecidos, respetivamente, em 02 de fevereiro e 24 de fevereiro.
No mesmo dia, 16 de novembro, em Londres, serão ainda projetados, na sala The Castle Cinema, três curta-metragens: ‘Instruções para uma revolução”, de Tiago Rosa-Rosso, inspirado pelo livro “O Torcicologologista, Excelência”, de Gonçalo M. Tavares’, ‘War of the Worlds’, de Manuel Brito, uma adaptação da obra homónima de Orson Wells, e o ‘Os Mortos’, de Gonçalo Robalo, um documentário em que o realizador recorda familiares que já morreram.
As sessões do IndieLisboa começaram em 2013, fruto de uma parceria entre o IndieLisboa Festival Internacional de Cinema e a plataforma Portuguese Conspiracy, que promove eventos no Reino Unido, beneficiando do apoio do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua.
Um “filme de aventuras”
Lançado em Portugal em novembro de 2017, ‘Peregrinação’ é uma adaptação do livro homónimo, de Fernão Mendes Pinto, escrito entre 1570 e 1578 e publicado em 1614, 31 anos após a morte deste aventureiro, explorador e escritor
“Em março de 1537, aos 26 ou 28 anos, Fernão Mendes Pinto, fugindo à miséria e estreiteza da sua vida, partiu para a Índia em busca de fama e fortuna”. Assim, no meio de uma terrível tempestade,começa este filme que relata os sucessos e as desventuras deste escritor aventureiro que, no decurso de 21 anos em que esteve no Oriente, foi “13 vezes cativo e 16 ou 17 vendido”, lê-se na sinopse do filme.
“Aventureiro sim, mas também peregrino, penitente, embaixador, soldado, traficante e escravo, Fernão Mendes Pinto foi tudo e em toda a parte esteve”, acrescenta-se. ‘Por extraordinária graça de Deus’, como escreveu, regressou salvo para deixar ao mundo um extraordinário livro de viagens e de história.
‘Peregrinação’ foi um primeiro sucesso à escala mundial da língua portuguesa, tendo sido traduzido e publicado em todos os reinos da Europa. “A ‘Peregrinação’ que agora vos apresentamos narra pedaços dessa observação aguda, exacerbada, exagerada que, na sua fascinante pressa de contar,aquele aventureiro dos sete mares nos deixou. Desventuras sim (‘cada acção tem uma paga, cada pecado um castigo’) mas também sucessos: o cometimento e a grandeza das descobertas ou achamentos de outras terras e de outras gentes,no século de oiro da História de Portugal. Um filme de aventuras!”, conclui a sinopse do filme.
Para João Botelho, ‘Peregrinação’ “é um texto-chave para a nossa imagiologia”. “Editado 31 anos após a morte do autor, depois do crivo da Inquisição, foi vertido em inglês em 1625, em francês em 1628, em holandês em 1671 e em alemão em 1747, para o conhecimento dos sábios dos impérios que se seguiram e para modelo de grandes escritores apaixonados por viagens tanto físicas como psíquicas. Que seria de Montesquieu, Voltaire, Sade e dos mais recentes Borges, Malraux ou Pessoa sem o conhecimento desta obra extra-moderna? Uma grande literatura, que nos comove e entusiasma”, elogia o realizador da longa-metragem portuguesa.
“Dividido em três partes de tempos quase iguais, Eu (pobre de mim, desventuras e sucessos de Fernão Mendes Pinto), Ele (o mal, António Faria, o corsário), Nós (os Portugueses, numa mão o crucifixo, na outra a espada), tentei transformar as inacreditáveis aventuras desse herói pícaro num filme contemporâneo”, revela ainda João Botelho.