‘Três embaixadas europeias à China’ é uma exposição sobre o percurso de três portugueses que, entre o século XIII e XVIII, fizeram os primeiros contactos diplomáticos entre a Europa e a China, foi inaugurada no Museu do Oriente, em Lisboa.
A exposição ‘Três Embaixadas Europeias à China’ tem como tema central a história dos contatos político-diplomáticos entre a Europa e a China ao longo de cinco séculos, desde meados do século XIII a meados do século XVIII.
“Essa história teve múltiplos ciclos, avanços e recuos, entendimentos e rupturas, mas teve como constante o protagonismo de vários portugueses. Protagonistas que representavam o Estado português, outros estados europeus, o Papado, ou a cidade de Macau”, destaca uma nota do Museu do Oriente.
Aquele espaço museológico escolheu três desses protagonistas para ilustrar a temática central da exposição: Frei Lourenço de Portugal, Tomé Pires e Francisco Pacheco de Sampaio. É em torno destes que se estrutura a exposição que está, por isso, dividida em três núcleos.
O primeiro núcleo é dedicado a Frei Lourenço de Portugal, nomeado embaixador ao Império Mongol pelo Papa Inocêncio IV, em 1245. O segundo centra-se em Tomé Pires e à sua embaixada à China Ming, (em 1515). O terceiro núcleo está centrado na embaixada de Francisco Pacheco de Sampaio ao imperador Qianlong, da dinastia Qing, em 1752.
Em cada um dos três núcleos, o percurso biográfico de cada um dos três diplomatas portugueses é entendido no seu tempo e contexto, tanto no quadro nacional como no europeu. Num outro plano, a exposição contextualiza o desenvolvimento destas três missões diplomáticas, “tanto do ponto de vista da história política interna da China, quanto do ponto de vista da política externa chinesa para o Mar da China, a Ásia do Sueste e mesmo o Oceano Índico na sua globalidade”, refere ainda a nota do Museu do Oriente.
Entre as peças, a bula papal de 1245
A exposição engloba 70 peças oriundas de coleções privadas, de instituições como o Arquivo Secreto do Vaticano, a Torre do Tombo, a Biblioteca Nacional e o Museu da Farmácia, entre outras, e do próprio espólio da Fundação Oriente.
São mostradas, por exemplo, a bula papal de 1245 – documento original proveniente da Torre do Tombo – com a nomeação de Frei Lourenço de Portugal como embaixador ao Império Mongol, pelo Papa Inocêncio IV.
Também, segundo o Museu do Oriente, é mostrada pela primeira vez em Portugal a carta do Imperador Qianlong ao rei D. José I, datada de 1753, com quatro metros de comprimento e escrita em três línguas: manchu, português e chinês.
O núcleo dedicado a Frei Lourenço de Portugal, nomeado embaixador ao Império Mongol pelo Papa Inocêncio IV em 1245, sublinha o facto de esta ser uma embaixada organizada pelo Vaticano em representação política de toda a Europa.
Registando este facto, estão duas bulas papais, uma das quais em documento original proveniente da Torre do Tombo, que data de 1245 e, a outra, uma reprodução do Arquivo Secreto do Vaticano.
Também incluídos neste núcleo, um conjunto de objetos islâmicos de luxo, provenientes do sul de Portugal – uma parte do quais produzida no Médio e Próximo Oriente – mas idênticos aos encontrados ao longo do Oceano Índico, para ilustrar a circulação global de mercadorias e gentes no século XIII.
Dedicado a Tomé Pires e à sua embaixada à China, em 1517 – a primeira missão diplomática oficial de uma nação europeia à dinastia Ming -, o segundo núcleo aborda o percurso deste boticário e farmacêutico, autor da ‘Suma Oriental’, a primeira e mais completa descrição europeia quinhentista da Ásia, cujo manuscrito pode ser visto na exposição.
O terceiro núcleo centra-se na embaixada de Francisco Pacheco de Sampaio ao Imperador Qianlong, da dinastia Qing, em 1752, numa altura considerada delicada para os interesses portugueses em Macau e na China.
São ainda exibidas neste núcleo peças de arte chinesa do século XVIII, nomeadamente uma poncheira com imagens das feitorias de Cantão, pertencente à Antiga Coleção Cunha Alves, recentemente adquirida pela Fundação Oriente.
A mostra, comissariada por Jorge Santos Alves, professor e coordenador do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, vai estar patente até 21 de abril de 2019.
‘Três Embaixadas Europeias à China’
Museu do Oriente
Avenida Brasília, Doca de Alcântara – Lisboa
De terça-feira a domingo, das 10h às 18h
Sexta-feira das 10h às 22h, com entrada gratuita das 18h às 22h
Encerra às segundas-feiras e dias 1 de janeiro e 25 de dezembro
O acesso às exposições só é permitido até 30 minutos antes do encerramento