Crescimento económico assente em dívida deixa China à beira de um colapso imobiliário

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“Desde a crise financeira global [em 2008], o crescimento da economia chinesa tem assentado no investimento alimentado por dívida”, explica Dinny McMahon, autor do livro “China Great Wall of Debt” (“A Grande Muralha de Dívida da China”), estimando que o país criou, nos últimos dez anos, “63% do novo dinheiro a nível global”. No espaço de uma década, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas. No entanto, segundo a agência suíça Bank for International Settlements (BIS), durante o mesmo período, a dívida chinesa quase duplicou, para 257% do Produto Interno Bruto (PIB).

A China tem mais de 50 milhões de casas vazias, segundo um estudo a nível nacional prestes a ser publicado, num dos efeitos mais visíveis do desperdício gerado por uma década de crescimento assente na construção.

Cerca de 22% do imobiliário urbano na China continua desocupado, revela Gan Li, professor na Universidade de Economia e Finanças de Chengdu, sudoeste da China, e responsável pelo estudo.

“Não há outro país no mundo com uma taxa de desocupação tão alta”, diz o académico, citado pela agência Bloomberg.

Gan considera que um cenário de “pesadelo” pode ocorrer caso o mercado imobiliário começe a apresentar debilidades, o que levaria os proprietários a lançarem-se numa corrida de vendas, levando a uma queda abrupta dos preços.

“A China seria atingida por uma inundação de casas a entrarem no mercado”, descreve.

Milhares de investigadores participaram do estudo, designado China Household Finance Survey, e que abrange um total de 363 condados, distribuídos por todo o país.

A taxa de desocupação é praticamente a mesma apurada na edição anterior do estudo, em 2013, de 22,4%, segundo Gan.

Na altura, Gan estimou 49 milhões de casas vazias em todo o país. “Hoje, definitivamente há mais de 50 milhões”, diz.

Casas de férias ou habitações vazias de trabalhadores migrados em outras cidades contribuem para o fenómeno, mas são sobretudo as compras para investimento que mantêm a taxa de ocupação alta.

Trata-se de um dos efeitos mais visíveis do desperdício gerado por um modelo de crescimento económico assente na construção.

Um relatório publicado esta semana pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P) indica que o preço do imobiliário na China atingiu o seu valor máximo e pode cair até cinco por cento, em 2019.

A agência adverte que as cidades pequenas são “muito mais vulneráveis” a uma possível desaceleração, que poderá fazer com que passem “rapidamente” de “motores de crescimento” a “travões ao crescimento”.

Para os promotores imobiliários chineses, os grandes riscos são a “liquidez e refinanciamento”, lê-se no relatório, que aponta para um “panorama de financiamento mais desfavorável em anos”.

As empresas, que precisam de refinanciar dívidas próximas de vencer, procurarão vender o produto o mais rápido possível, reduzindo os preços se necessário, visando obter liquidez, descreve.

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