Em ‘O Príncipe Piloto’, o investigador Henrique Sequerra, na obra traça o perfil biográfico do “menos conhecido membro da última família real portuguesa”, a quem o povo apelidou de “Arreda”, o infante D. Afonso, irmão do rei D. Carlos.
O filho dosonso de Bragança foi duque do Porto, vice-rei da Índia, herdeiro presuntivo do trono, e foi alcunhado pelo povo como o “Arreda”, pelo facto de, quando conduzia a sua viatura pelas ruas de Lisboa, Queluz, Sintra, Cascais ou Vila Viçosa, para evitar atropelamentos, pedia em voz de comando às pessoas para “‘arredarem’ do caminho os que estorvavam a marcha do veículo”.
Afonso de Bragança, segundo o seu biógrafo, “sempre preferiu ouvir o povo gozar com as aventuras do alcunhado ‘Arreda’ do que adivinhar os murmúrios dos seus pares quando palmilhava os corredores das monarquias europeias”.
Num sucinto retrato do infante, Henrique Sequerra afirma que preferia “a aprendizagem prática ao estudo”, “o sobressalto do momento ao calendário repetitivo da agenda real” e “a popularidade à reverência”, “a paixão fugaz ao amor eterno”
“Praticamente ignorado da História”, Afonso de Bragança, que se tornou popular como comandante efetivo dos Bombeiros Voluntários da Ajuda, em Lisboa, teve um automóvel Fiat conduzido por um piloto italiano, que venceu o I Raid Figueira da Foz-Lisboa, a primeira prova automobilística que se realizou na Península Ibérica, a 27 de outubro de 1902, e que veio a dar origem ao Automóvel Club de Portugal, no ano seguinte.
O infante foi, afirma Sequerra, “uma personagem que nunca quis interpretar”, cujo nome completo era “soletrado em 27 fatigantes etapas”: Afonso Henriques Maria António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Valfando Inácio de Saxe-Coburgo-Gotha e Bragança.
Henrique Sequerra argumenta que, não sendo historiador, abordou “o tema com liberdade de escrita e desprendimento aos protocolos científicos”, referindo que dispensou “as fastidiosas notas de rodapé que poderiam sublinhar as fontes consultadas”.
Por outro lado, homenageia também a memória do seu avô, o jornalista Vasco Callixto (1863-1913), republicano, que, pela convicção na indústria automóvel, uniu os seus esforços aos do infante. “Sem quezílias nem contendas, conviveram durante mais de uma década e, aliados, ‘ficaram’ no historial do automobilismo em Portugal”.
Afonso de Bragança e Vasco Callixto fizeram parte dos primeiros corpos gerentes do então designado Real Automóvel Club de Portugal, fundado em 1903: o infante, como presidente da mesa da assembleia-geral, e o jornalista, como secretário-geral.
‘O Príncipe Piloto’ traça biografia do “menos conhecido membro” dos Bragança
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