O Dia de Todos os Santos é comemorado anualmente no dia 1 de novembro em honra todos os santos conhecidos e desconhecidos, mártires e cristãos heroicos celebrados ao longo do ano.
Neste dia é também celebrado (por antecipação) , nas grandes cidades o dia dos Fiéis Defuntos, que se celebra a 2 de novembro e em que, sobretudo nas aldeias, há romagens aos cemitérios. Segundo a história a origem da festa remonta ao século II, quando os cristãos começaram a honrar os que tinham sido perseguidos e martirizados por causa da sua fé.
Foi o Papa Gregório III que no século VIII dedicou uma capela em Roma a todos as pessoas que tinham vivido uma existência de acordo com o Evangelho e por isso eram consideradas santas. Ele também ordenou que a solenidade fosse celebrada a 1 de novembro.
Este dia é dedicado a homenagear todos os que já partiram. Por norma, as famílias portuguesas enfeitam as campas dos seus familiares nos cemitérios e ao longo do dia 1 de novembro visitam os cemitérios para deixar ramos e velas nas lápides. Antes da visita ao cemitério, realizam-se missas nas paróquias e em seguida, faz-se uma procissão até ao cemitério.
Nos meios rurais, há uns anos, o dia de Todos os Santos era um alegria especialmente para os mais novos. “Bandos” de crianças iam de casa em casa, com um saca de pano, feita de retalhos e pediam os “bolinhos” e em que quem os recebia, dava nozes, passa de uva ou figo, castanhas, bolos feitos em casa alusivos à época e cada criança recebia sua porção. O anúncio era “ dia de Todos os Santinhos dê-nos os bolinhos”. Regiões rurais havia onde se entoava um lengalenga cantada:
Bolinhos e bolinhos
Para mim e para vós,
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À bela, bela cruz
Truz, Truz!
A senhora que está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de s’alevantar
Para vir dar um tostãozinho.
Há uns anos, muito por influencia da televisão e enraizando-se primeiro nas cidades, e agora estendendo-se às aldeias, o dia 31 de outubro, véspera do dia de Todos os Santos, importou-se a tradição dos países anglo-saxões, onde existe a crença de que as almas dos mortos descem à terra nos locais de nascimento.
Por isso, à noite festeja-se o Dia das Bruxas ou Halloween (nome pelo qual é conhecida a noite das bruxas a nível mundial).
Pedir os bolinhos, ou Pão Por Deus é uma tradição bem Portuguesa, mas a sua origem evolução e história até hoje é algo fascinante. Por vezes no entanto pensamos que poderá estar ameaçado por um Halloween que até poderá ter raízes longínquas partilhadas.
A globalização tem cada vez implementado mais o Halloween entre os Portugueses. O fenómeno da televisão, e mais recentemente a Internet, trazem até nós esta festividade anglo-saxónica.
Referem os historiadores que o “Pão Por Deus” nasceu em Lisboa, num dos dias mais negros da história de Portugal, o dia do terramoto de Lisboa de 1755. Neste Dia de Todos os Santos, Lisboa viria a sofrer a maior catástrofe da sua história, sendo muito do país também afectado por ela.
Aí os afectados por tal tormenta foram a quem algo salvou pedir Pão Por Deus, tentando ter algo para matar a fome, aos que sobreviveram à catástrofe,
Relatos contam que nos anos seguintes nesse mesmo dia se aumentou o costume do Pão Por Deus, em jeito de celebração e agradecimento a quem tinha sobrevivido. Talvez por isso esta tradição seja tradicionalmente mais forte na região da grande Lisboa.
E é em Lisboa em que se vê muitas montras decoradas com aboboras e bruxas, apelando ao consumo, e sem o peditório das crianças, por força de algumas educadoras de jardins de infância se começa a ver muito o Pão Por Deus como a festa das Crianças, alternando com máscaras, do Halloween, para que tenham contacto com as duas realidades, apesar da tradição portuguesa ser o “pão por Deus”
Nos meios rurais e as fotos referem-se a recriações do Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira – Tomar ( terra natal do jornalista) este rancho tem perpetuado, assim como muitos por este Portugal, as tradições rurais e o Pão por Deus ou dia de Pedir os Bolinhos mantem-se bem viva.
Em Portugal, o Dia de Todos os Santos voltou a ser um feriado nacional, quando deixou de ser um feriado nacional em 2013, devido à crise que nos assolava, mas o Governo retomou em 2016 o feriado do Dia de Todos os Santos, por acordo com Santa Sé.
António Freitas