Os dados saíram do plano nacional de gestão de combustíveis, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Cerca de 900 quilómetros de caminhos florestais e mais de 1500 quilómetros de faixas de interrupção de combustíveis foram executados em 2018, revelou o presidente do ICNF.
Rogério Rodrigues fez o ponto de situação do plano nacional de gestão de combustíveis durante um balanço dos incêndios rurais em 2018, perante o Governo, antes da reunião do Conselho de Ministros, na Tapada de Mafra.
De acordo com o responsável, o objetivo de desenvolver 1500 quilómetros de faixas de interrupção de combustíveis foi cumprido e desenvolvido em vários projetos.
“Ao nível dos caminhos florestais foram desenvolvidos procedimentos, com uma meta a alcançar de 1100. Nestes 1100, foram alcançados 579, mas com máquinas próprias que o ICNF detém no seu território fizeram-se mais 300 quilómetros. Temos, portanto, 879 quilómetros desenvolvidos”, revelou também.
No controlo da vegetação espontânea, “essencialmente na gestão de matos na envolvência de povoações, casas, estradas”, a meta “até à entrada no verão” era de “cerca de 1600 hectares, foram executados 2500”.
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou que, um ano depois do Conselho de Ministros especial dedicado à reforma do modelo de prevenção e combate aos incêndios rurais, “é altura de fazer a avaliação do que foi feito, tomar decisões que completam” as então aprovadas “e alterar aquilo que se justificar alterar”.
Menos área ardida este ano
Menos incêndios rurais e menos área ardida é o balanço dos incêndios registados este ano, com o comandante operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Duarte da Costa, a sublinhar a redução de 43% de incêndios rurais e de 69% de área ardida.
O responsável da ANPC apontou ainda a diminuição de ignições e o facto de 98% das ignições com área ardida ter sido inferior a dez hectares.
Para Duarte da Costa, a redução de ignições “foi provocada pela alteração de comportamentos” e pela implementação de projetos como a Aldeia Segura.
Já o presidente da Estrutura de Missão para a Instalação do Sistema de Gestão Integrada dos Fogos Rurais, Tiago Oliveira, apontou a meteorologia como causa certa para a redução de ignições, admitindo apenas como hipótese o trabalho feito pelas entidades envolvidas.
“É importante perceber se a redução de ignições se deve só à meteorologia ou se houve de facto outras consequências associadas à ação de vigilância, fiscalização, à presença mais ativa de militares”, defendeu, sublinhando que é preciso “olhar para os dados, analisar a informação, levantar hipóteses para conseguir dar informação mais precisa”.
Em termos meteorológicos, este ano foi “menos severo do que 2017”, mas registaram-se temperaturas extremas e elevados níveis de secura, segundo o presidente do IPMA, Jorge Miranda, que lembrou ainda “um crescimento forte da taxa de severidade meteorológica no período crítico”.
Por exemplo, em agosto registaram-se os quatro dias mais quentes de sempre e este setembro foi “o mais quente desde 1930 e provavelmente desde o século XIX”. “A mudança repentina de paisagem meteorológica durante uma semana” foi outro dos fenómenos apontados por Jorge Miranda.