A constatação é de um estudo da Faculdade de Medicina de Coimbra feito em colaboração com a Nova Medical School: 66,6% da população apresenta “deficiência de Vitamina D”.
‘A Carência de Vitamina D em Portugal’ foi divulgado durante o Congresso do Fórum D e apresentado como o primeiro estudo de base nacional à população adulta em Portugal.
O estudo concluiu que se forem considerados os valores de referência recomendados pela ‘Endocrine Society’, 66,6% da população apresenta “deficiência de Vitamina D” e apenas 3,6% apresenta valores considerados “normais”. Os especialistas envolvidos no estudo destacam ainda que 21,2% têm “deficiência grave” desta vitamina e alertam “para a necessidade de implementação de medidas de saúde pública que minimizem estes dados, como a suplementação ou a fortificação alimentar”, refere uma nota de imprensa divulgada pelo Fórum D.
Para Cátia Duarte, reumatologista no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC) e membro científico do Fórum D, responsável pela realização do estudo, “o reconhecimento da real ‘fotografia’ da população adulta portuguesa, no que diz respeito à carência em Vitamina D torna fundamental debater e implementar medidas que visem minimizar o problema”. “A sensibilização dos médicos e das famílias é importante, a par com a necessidade de maior atenção por parte das autoridades de saúde”, destacou.
A representante do Fórum D defende a implementação de medidas pelos decisores “o controlo dos fatores de risco, estimulando um estilo de vida saudável como a prática de exercício, a redução do peso e do tabagismo e uma exposição solar adequada”. “A alimentação, infelizmente, tem pouco efeito global nos níveis de Vitamina D. Outras medidas, como a suplementação podem e devem ser consideradas, particularmente em grupos de risco elevado. Programas de fortificação alimentar já implementados há muitos anos noutros países merecem seguramente consideração, por parte das autoridades de saúde”, defendeu.
Os hábitos comportamentais dos portugueses também contribuem para o défice de vitamina D, nomeadamente a escassa exposição solar desprotegida. A obesidade que diminui os níveis circulantes desta vitamina porque ela é sequestrada no tecido adiposo, a inatividade física e o tabagismo estão também associados à carência de Vitamina D.
Mais carência nos Açores
Os Açores são a área geográfica onde a prevalência de níveis de carência de vitamina D são mais acentuados, aproximadamente nove vezes mais frequente que no Algarve.
As principais conclusões deste estudo são que a carência de Vitamina D é muito prevalente na população adulta portuguesa e existem diversos fatores de risco, relacionados com o estilo de vida, que estão associados a esta deficiência.
Por outro lado, o Inverno, a idade, o género e a área geográfica, fatores não modificáveis, são os principais fatores associados à carência de vitamina D. Os resultados deste estudo, reforçam a necessidade de implementação de medidas de saúde pública de forma a minimizar esta situação, através da suplementação alimentar.
O Fórum D é uma iniciativa da Clínica Universitária de Reumatologia (CURe) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra que visa disseminar conhecimento sobre vitamina D entre profissionais de saúde e público em geral, aumentando a sensibilidade para a prevalência da carência desta vitamina em Portugal e sua importância em saúde pública e individual.