Sete candidatos portugueses e lusodescendentes foram eleitos nas eleições comunais belgas de domingo, 14 de outubro. “Será também oportuno realçar que vários candidatos estiveram a poucos de votos de serem eleitos”, revela Pedro Rupio, conselheiro na Comuna de Saint-Gilles e membro do Conselho das Comunidades Portuguesas em representação da Bélgica.
Pedro Rupio diz que “fez-se história na comunidade portuguesa da Bélgica”. Foram sete os candidatos portugueses e lusodescendentes eleitos nas eleições comunais (municipais) belgas realizadas no dia 14 deste mês. Tinham sido apenas três em 2012, relembrou conselheiro das comunidades portuguesas, numa n ota enviada ao ‘Mundo Português’.
Estela Costa (PS – Saint-Gilles), Patrícia Rodrigues da Costa (Sp.a – Jette) e Inês Rodrigues (Ecolo – Evere) foram eleitas na região de Bruxelas. As três candidatas são as primeiras mulheres de nacionalidade portuguesa a serem eleitas em Bruxelas.
Na região de Valónia foram eleitos quatro portugueses: Sandra dos Santos Gomes (EPV – Bièvre), Marie-Jo Sampaio (ECD – Comblaint-au-Pont), Domingos Ribeiro de Barros (PS – Soignies) e David da Câmara Gomes (Ecolo – Ottignies-Louvain-La-Neuve). Não houve portugueses eleitos na região de Flandres.
“Todavia, ainda poderá haver algumas surpresas pois falta confirmar a eleição (ou não) de 12 candidatos portugueses nessa região (sobre 37)”, sublinha Pedro Rupio, destacando que “será também oportuno realçar que vários candidatos estiveram a poucos de votos de serem eleitos”.
Pelo menos 92 portugueses e lusodescendentes concorreram às eleições comunais belgas de 14 de outubro. “Após ter esmiuçado de forma rigorosa as listas dos mais de 60.000 candidatos que irão apresentar-se às eleições comunais belgas, foi possível identificar 92 candidatos portugueses e luso-descendentes”, afirmava Pedro Rupio, na semana que antecedeu a eleição.
O autarca lusodescendente baseou-se nas estatísticas eleitorais oficiais de Bruxelas, Flandres e Valónia, para chegar ao número apresentado. A Valónia foi a região com mais representantes lusos nas listas, com 38, seguindo-se a região de Bruxelas (30) e a da Flandres (24).
Dos 37.641 mononacionais portugueses em idade de votar, 3.611 estavam inscritos para votar nas comunais belgas. “Um aumento de 560 eleitores em comparação com 2012 onde só havia 3.051 eleitores portugueses”, disse ainda Pedro Rupio. Em termos percentuais, a taxa de inscrição da comunidade portuguesa nas listas eleitorais caiu de 10,35% em 2012 para 9,59% em 2018, acrescentou.
Nas eleições anteriores, foram cerca de 30 os candidatos lusos. Nas eleições comunais belgas de outubro de 2012, Inês Mendes Pinto (conselheira na comuna Enghien), Pedro Rupio (conselheiro na comuna de Saint-Gilles) e David da Câmara Gomes (conselheiro na comuna de Ottignies-Louvain-la-Neuve) foram eleitos para um mandato autárquico de seis anos.
Participação ainda baixa
Na Bélgica existem mais de 500 comunas (o equivalente a concelhos) que se distribuem pelas egiões de Bruxelas, Valónia e Flandres. Os cidadãos estrangeiros podem votar nas eleições comunais mediante o preenchimento de alguns requisitos, entre os quais a inscrição voluntária nas listas eleitorais, que este ano esteve aberta até 31 de julho.
Apesar do aumento do número de eleitores lusos inscritos para as eleições comunais deste ano, a comunidade portuguesa continua a estar atrás de outras comunidades estrangeiras quando o tema é a participação eleitoral. Pedro Rupio revelou que as comunidades italiana, francesa e espanhola “contam com o dobro ou até mesmo o triplo de eleitores inscritos”.
“Em certas comunas como Aubange e Arlon (Valónia), Anderlecht e Forest (Bruxelas), ou Drogenbos e Sint-Genesius-Rode (Flandres), a margem de progressão é gigantesca pois o voto da comunidade portuguesa seria suficiente para eleger vários conselheiros comunais e/ou vereadores”, sublinhou.
De acordo com a embaixada de Portugal em Bruxelas, a comunidade portuguesa na Bélgica é constituída por cerca de 60 mil pessoas.
Ana Grácio Pinto