Quando colocadas estrategicamente os espaços verdes, têm um enorme potencial para melhorar a qualidade do ar nas cidades.
A conclusão é de uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) que estudou o potencial das zonas verdes para reduzir as concentrações de dois dos principais poluentes das cidades nacionais: o dióxido de azoto e as partículas em suspensão no ar.
“Só estes dois poluentes poderiam ser reduzidos em cerca de 20 por cento com a ajuda da Natureza”, conclui a equipa que centrou o estudo na cidade do Porto.
Publicado este mês na revista ‘Atmospheric Environment’, o estudo centrou-se mais concretamente no bairro do Batalhão dos Sapadores na Rua da Constituição, onde os investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro, e através de modelos numéricos previamente desenvolvidos, simularam a substituição de um bloco de edifícios por um parque verde urbano de 570 metros quadrados.
O trabalho previu os efeitos que a zona verde teria sobre dois dos principais poluentes e ambos emitidos pelo sector dos transportes: as partículas em suspensão suficientemente pequenas para serem inaladas e o dióxido de azoto, poluentes que no Porto, e de uma forma geral nas cidades portuguesas, são os mais preocupantes para a saúde pública.
A conclusão foi de que a existência de uma área urbana junto à Constituição “permitiria reduzir, em média, as concentrações de partículas em suspensão no ar em 16 por cento e de dióxido de azoto em 19 por cento”, reduções essas que serão maiores ou menores dependendo das condições meteorológicas que se verificarem.
A mesma necessidade por espaços verdes estratégicos aplica-se não só a outras zonas da cidade do Porto como também a outras cidades nacionais, destaca o estudo da Universidade de Aveiro.
Planear o território
“Estes resultados são explicados pela introdução de árvores que sendo elementos porosos, ao contrário do que acontece com os edifícios, promovem um aumento da velocidade do vento na região em estudo aumentando, consequentemente, a dispersão dos poluentes atmosféricos”, aponta Sandra Rafael, a investigadora que assina o trabalho do CESAM juntamente com Bruno Vicente, Vera Rodrigues, Ana Miranda, Carlos Borrego e Myriam Lopes.
O estudo permitiu concluir, “através de uma análise quantitativa, o potencial das soluções baseadas na Natureza para a melhoria da qualidade do ar nas cidades, demonstrando que estas podem e devem ser consideradas como um instrumento de gestão da qualidade do ar pelos decisores políticos”, apela Sandra Rafael.
A investigação da equipa da Universidade de Aveiro revelou ainda que “os benefícios destas soluções estão diretamente dependentes de um adequado ordenamento do tecido urbano”. “O planeamento do território, como é exemplo a seleção do local e áreas a aplicar estas soluções, entre outros fatores, é imprescindível, requerendo que as medidas sejam avaliadas antes da sua implementação, o que só é possível através de modelos numéricos”, explicam.
Os resultados do estudo reforçam a necessidade de integrar o conhecimento e as ferramentas científicas no planeamento urbano, “para otimizar o papel das soluções baseadas na natureza na melhoria da qualidade do ar e da qualidade de vida dos cidadãos”, apontam os ivestigadores.
“Sabendo que mais de 75 por cento da população europeia vive e viverá em áreas urbanas e conhecendo hoje os efeitos da poluição atmosférica na saúde humana, é imprescindível garantir um ar de qualidade nas nossas cidades”, concluem.
Relacionadas
Aveiro a “Veneza Portuguesa” famosa pelos seus canais da ria, pelo constante movimento turístico dos barcos, pela sua gastronomia e pelos “ovos moldes de Aveiro” a doce tentação, é por via do ensino e novas tecnologias da sua famosa Universidade- A universidade de Aveiro, uma referência mundial. Recuemos uns anos atrás e vamos lembrar aquele dispositivo que hoje praticamente qualquer viatura possuí o sistema - Via Verde; um sistema de portagem electrónica utilizado…