Há, atualmente, cerca de mil estudantes a frequentar cursos de língua portuguesa em dez universidades na Venezuela, revela Rainer Sousa.
O coordenador do Ensino Português na Venezuela garante que, neste nível de ensino, tem havido um ligeiro crescimento do número de alunos, com a redução numa universidade a ser compensada pela abertura de cursos noutras instituições de ensino superior venezuelanas.
“No caso da Universidade Central da Venezuela, universidade venezuelana que mantém o mais antigo protocolo de cooperação, houve uma descida no número de estudantes devido à crise económica. Muitos jovens têm optado nos últimos anos por deixarem de estudar para irem trabalhar ou emigrar. Por outro lado, é preciso referir que temos agora cursos de língua portuguesa em universidades como a Universidade Centro Ocidental Lissandro Alvarado de Barquisimeto e a Universidade Pedagógica Experimental Libertador de Maracay”, explica Rainer Sousa.
Numa entrevista concedida em dezembro de 2017, para o encarte Camões, I.P. daquele mês, o coordenador do Ensino Português na Venezuela dava a conhecer o projeto de abertura de uma licenciatura em Língua Portuguesa na Universidade Pedagógica Experimental Libertador (UPEL) em Maracay, visando a formação de professores, fruto de um protocolo entre o Camões I.P. e aquela universidade.
Menos de um ano depois, o projeto concretizou-se com a constituição da primeira turma, frequentada por 15 alunos.
Formação de futuros docentes
O programa piloto para formar professores de Língua Portuguesa, na cidade venezuelana de Maracay, a 100 quilómetros a oeste de Caracas, vem responder à crescente procura do ensino do português no país.
A comprovar essa procura está o facto de ter começado a ser constituída uma nova turma de alunos.
“Em princípio teremos uma nova turma com cerca de vinte a trinta estudantes que iniciarão esta formação que dura quatro anos”, revela Rainer Sousa, lembrando que “estes jovens venezuelanos serão professores de português no ensino oficial venezuelano”.
E em dezembro do ano passado, Rainer Sousa sublinhava que a licenciatura era aguardada com expetativa, estando, na altura, já inscritos cerca de 120 jovens venezuelanos.
O coordenador do Ensino Português naquele país explica que essa quantidade de jovens “entrará no curso por etapas de acordo com as possibilidades e a logística da própria universidade”.
Sobre o significado maior desta nova licenciatura para a continuidade do ensino da língua portuguesa na Venezuela, Rainer Sousa garante que “é vital”. “É vital porque, por um lado, tem um efeito multiplicador, isto é, estes futuros professores ensinarão a nossa língua nas escolas venezuelanas; por outro lado, são na sua maioria venezuelanos que aprendem o português para ensinarem a outros venezuelanos”, assume.
Nesse sentido a língua portuguesa também passará “a ser vista como língua estrangeira” num país onde, nos ensinos básico e secundário, estão a ser dados os primeiros passos para a sua introdução oficial nas escolas venezuelanas.
Outro projeto no qual a Coordenação do Ensino Português na Venezuela se tem empenhado relaciona-se com a formação ‘on-line’ de professores, através da dinamização de uma formação em parceria com a Universidade de Carabobo, em Valência.
Rainer Sousa recorda que o protocolo entre o Camões, I.P. e a Universidade foi assinado no passado mês de junho, pelo presidente do Camões, I.P., Luís Faro Ramos. “Agora estamos preparados para a iniciar”, assegura o coordenador.
Quanto ao futuro do ensino português na Venenzuela a nível universitário, Rainer Sousa deixa antever o empenho num novo projeto. Sem adiantar pormenores, avança, entretanto, que a Coordenação de Ensino “procurará levar o ensino do português a outras regiões da Venezuela”.