A histórica fábrica de chocolates Avianense, fundada em 1914 em Viana do Castelo, foi revitalizada e ganhou nova vida. Desse renovado fôlego nasceu, em dezembro de 2015, o Museu dos Chocolates Avianense. Trata-se de um espaço cultural e interativo, que conta a história da marca e do universo de chocolates tão emblemáticos para várias gerações como as fantasias de Natal, as sombrinhas de chocolate ou o bombom Imperador.
A ‘Avianense’ é a mais antiga fábrica portuguesa de chocolates que se tem mantido em atividade nos últimos 100 anos, tendo iniciado a sua produção em 1914.
Avianense resulta da conjunção do artigo ‘A’ com o adjetivo ‘Vianense’. Não se sabe ao certo quando é que esta ‘fusão’ aconteceu, mas ainda antes dos anos cinquenta do século passado o nome surge em comunicações da empresa.
A história da criação da fábrica resulta da experiência, adquirida enquanto trabalhador de uma fábrica de Chocolates em Cangas (Espanha), por António José Rodrigues de Lima que com o seu amigo João de António Felgueiras, em janeiro de 1914 criaram em Viana do Castelo uma fábrica de chocolates que se viria a chamar ‘Avianense’.
Na pequena fábrica original produziam-se diariamente cerca de trinta quilos de chocolates, distribuídos por 12 produtos diferentes de acordo com as tabelas comerciais da época.
A publicidade da época anunciava que esta marca possuía uma fórmula de produção muito avançada, idêntica ao que melhor se fabricava em Madrid ou Barcelona.
Os produtos da ‘Avianense’, pela sua qualidade e inovação, desde cedo foram muito apreciados pelo que a procura subiu exponencialmente, tendo chegado a hora para a modernização e ampliação das instalações, através da construção de uma fábrica de raiz. Aproveitando a oportunidade de aquisição de um terreno em frente ao local onde laboravam e já com um novo investidor, o Dr. Vieira de Araújo, constituiu-se a Sociedade Comercial Felgueiras & Lima, em Viana do Castelo, a 20 de abril de 1921, dedicada à indústria do fabrico do chocolate.
Com um projeto vanguardista do arquiteto José Fernandes Martins iniciou-se ainda neste ano, a construção da Fábrica de Chocolates A Vianense. Foram adquiridas novas máquinas na Alemanha através de um importador espanhol e implementou-se um novo método produtivo que controlava todo o processamento do chocolate, desde a aquisição das sementes (favas) do Cacau até ao produto final, vendidos na própria loja e distribuídos por todo o país.
Museu dos chocolates Avianense
Mais de 100 anos de história não aconteceram facilmente. Exigiram a dedicação e esforço enormes de centenas de pessoas em prol de um objetivo comum. Criar um museu que conte essa história tornou-se o passo natural que homenageia todos os que contribuíram para o legado da Avianense. No museu é possível encontrar um relato próximo e vivo dos êxitos e sobressaltos que a Avianense enfrentou ao longo das décadas. No final da visita, os participantes aprendem até a fabricar chocolates.
Luciano Costa, Administrador
Depois da fábrica de chocolates Avianense ter sido declarada falida pelo Tribunal Judicial de Viana do Castelo em 24 de Setembro de 2004 devido a dívidas de 2,155 milhões de euros, sendo então o Estado o maior credor ao reclamar 1,142 milhões de euros relativos ao IRS, IVA e à Segurança Social, a marca Avianense, bem como os equipamentos e a frota da empresa, foram arrematados por Luciano Costa que, em Agosto de 2005, começou da “estaca zero” e retomou o fabrico dos chocolates a partir das instalações de uma fábrica de confeções em Durrães, no concelho de Barcelos, de que era dono.
A centenária marca de chocolates Avianense “renasceu” assim em Durrães com uma nova fábrica e um Museu do Chocolate, um investimento de 1,5 milhões de euros que contribuiu largamente para a economia e para a geração de emprego. “Vamos ficar mais perto de Viana, ou seja, a 100 metros do rio Neiva, que é o início do concelho, na fronteira com o de Barcelos”, explicou Luciano Costa acerca da localização da fábrica.
A atual fábrica da Avianense tem capacidade de produção na ordem dos 500 quilos de chocolate por dia. “Cumprimos o sonho de recuperar uma marca centenária, criando postos de trabalho, produzindo chocolates de qualidade para um mercado mais exigente e apostando na nossa história e na nossa cultura”, apontou o responsável. “Foi um bom negócio que fiz na altura. Graças a Deus, todos os anos a faturação tem vindo a aumentar”, acrescentou Luciano Costa orgulhoso.