A produção de vinho na Beira Interior deve registar este ano um decréscimo face a 2017 da ordem de 40%, mas a qualidade “estará assegurada”, anunciou a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI).
O diretor técnico da CVRBI, Rodolfo Queirós, disse à agência Lusa que no ano passado a região produziu cerca de 22,5 milhões de quilos de uvas, mas estimativa para 2018 aponta para “uma quebra de cerca de 40%”, num ano “completamente atípico”.
Rodolfo Queirós explica que para a redução da produção de vinho contribuíram vários fatores climatéricos, como a queda de muita chuva e as altas temperaturas que originaram doenças nas videiras e “escaldões” nas uvas.
“Estamos a apontar para um prejuízo na ordem desses valores”, disse Rodolfo Queirós, explicando que na área da CVRBI existem “casos e casos”.
Contou que algumas vinhas estão praticamente como num ano normal, em que não há grandes prejuízos, e outras que registam casos “muito complicados”.
As condições climatéricas adversas atingiram “um pouco a região pelo todo”, mas sublinhou que “atingiu muito a zona de Pinhel”, que é a maior produtora de uvas da área de abrangência da CVRBI.
Qualidade mantém-se
Apesar das previsões apontarem para quebras na produção, o diretor técnico da CVRBI disse à Lusa que a qualidade dos vinhos não será posta em causa: “Em termos qualitativos, não vamos sentir essa quebra”.
As vindimas estão a iniciar-se em muitas zonas da área da CVRBI e Rodolfo Queirós acredita que haverá “ainda muito por onde escolher” para garantir a qualidade dos vinhos produzidos na região.
“Eu penso que nós, em termos de qualidade – falando agora dos vinhos certificados -, não vamos ser afetados, porque nós, infelizmente, só certificamos cerca de 15% do total do potencial da produção que temos na região e o resto vai para o vulgarmente designado vinho de mesa”, concluiu o responsável.
A CVRBI tem sede na Guarda, no Solar do Vinho, e abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, onde existem 65 produtores de vinho, sendo quatro adegas cooperativas e 61 produtores particulares.