A Henricarnes é uma empresa familiar de produção de enchidos e salsicharia, fundada em 1978, em Rio Maior cujos produtos, confeccionados de acordo com a rica e genuína tradição portuguesa no setor. João Paulo Henriques e o irmão Luís Henriques são a segunda geração da família fundadora desta empresa que já exporta quase 50 por cento da sua produção.
MP- João Paulo Henriques, a vossa empresa nasce com um talho de venda da carne ao público e produção de fumeiro, talho esse em Rio Maior. Presentemente já estão há uns anos, nesta moderna unidade, em que os saberes ancestrais na produção do fumeiro se mantêm e deixaram de vender carnes ao público?
João Paulo Henriques – É verdade eu na altura tinha uns 13 anos e tinha escola de manhã e, talho à tarde, ou vice versa. Entretanto veio o serviço militar, ingressei no talho, que era uma vida de muito trabalho de muitas horas. Dois dias por semana eram dedicados à produção de enchidos, o que sobrecarregava a faina. Entretanto o meu pai compra este terreno na zona industrial – Portugal tinha acabado de entrar na CEE – as exigências eram mais apertadas, e isso “empurrou-nos” para uma situação deste género.
E registe-se que a nível europeu somos uma das empresa mais antiga em termos de registo da região. Temos presentemente várias marcas a Casa do Conde; a Mestre Henriques
MP- E segundo se sabe já exportam há muitos anos!
JPH- Já exportamos desde 1998/99, empurrados pela “grande distribuição” que nos esmagava os preços , o país que começamos foi a Alemanha. Do distrito de Santarém e região de Caldas da Rainha, fui desafiado por amigos industriais de peixe de Peniche a exportar e a ir ao SISAB e nosso primeiro SISAB foi em Tróia. A partir daí marcamos sempre presença, anualmente!
MP – O mercado da exportação representa um bom volume de vendas?
JPH- O mercado da exportação representa 48%. Registe-se que só trabalhamos com enchidos fumados. Não vendemos “carnes verdes” compramos e transformamos. Os nossos produtos ainda são feitos como fazia a minha avó e fumados a lenha de azinho, não temos estufas elétricas. É tudo o mais tradicional possível, o que se reflete no gosto ou seja no sabor, não estamos a falar de um indústria de transformação e carnes, mas produzimos na ordem das 200 toneladas ano e com fabrico semanal. Essa é a grande aposta e que os consumidores sabem valorizar – a qualidade!
Nós “nascemos na carne” e isso faz toda a diferença!
MP- Começou a exportar primeiro para a Alemanha e certamente para o mercado dos portugueses nesse país. Hoje já estão noutros países e já conquistou outros clientes?
JPH- Continuamos com o dito “mercado da saudade” pelos hábitos de consumo e pelas suas raízes e, esses clientes tem dificuldade de entrar no mercado local e, estou a falar da Alemanha ou França em que para eles é muito difícil comprar produtos de salsicharia dos próprios países
MP- Mas os objectivos passam por crescer mais na exportação?
JPH- O “mercado da saudade” e no que respeita aos seus agentes, pela idade pode ter tendência a diminuir, mas registo que exportamos para a Bélgica, França, Inglaterra, Brasil, Canadá e Macau e tenho uma parceria com a Aveitrading que exportam para diversos países. A distribuição e a logística modificou-se muito e é mais fácil chegar pequenas encomendas aos destinatários.
MP- Um dos fundadores do SISAB em termos de presença e dos bem antigos expositores. Continua a apostar no SISAB PORTUGAL?
JPH- Continuo a dar preferência ao evento, por novos clientes que possam surgir e também pelos nossos clientes de longa data. É mais fácil eu estar com eles no SISAB do que andar a viajar
MESTRE HENRIQUES Charcutaria Tradicional fumado a lenha de azinho
– Chouriço Tradicional
– Chouriço Extra Longo
– Chouriço Extra Picante
– Chouriço Vinho
– Chouriço Receita Alentejana
– Chouriço Receita Trás dos Montes
– Chouriço Corrente
– Chouriço Negro
– Morcela Fumado
– Morcela de Cebola
– Farinheira
– Farinheira de Canela
– Salpicão
– Painho Ribatejano
– Chourição
– Chourição com Piri- Piri
– Toucinho fumado
– Paiola tradicional
– Paio do lombo
– Paiolão
RIO MAIOR
Entre a paisagem serrana que beija o princípio da lezíria ribatejana, o concelho de Rio Maior ocupa 270 km2 de uma região única em Portugal. O lugar ganhou o seu nome graças ao rio Maior, afluente do Tejo, tendo a natureza igualmente providenciado uma paisagem singular onde o Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros, grutas excepcionais e um imponente vale glaciar povoam um espaço geográfico privilegiado entre o Vale do Tejo e o Litoral Oeste.
O potencial turístico do concelho está, sobretudo, associado ao carácter rural da sua vivência passada e à sua integração no Parque Natural, onde por vezes o cultural e o ambiental se associam de modo exemplar. Das actividades económicas existentes, ainda se pratica bastante a agricultura, o pastoreio, e algumas actividades florestais, havendo nos últimos anos a intensificação da extracção de inertes (calcário para britagem, pavimentação, revestimentos e cantarias).
GASTRONOMIA
A gastronomia em Rio Maior é tipicamente mediterrânica. A influência dos alentejanos, que demandaram Rio Maior, em busca de trabalho na agricultura ou nas minas, está bem presente. O azeite, enchidos,o pão e o vinho são obrigatórios. A broa de milho também está sempre presente, em pratos como as migas ou o mangusto.
No passado os enchidos e a carne de porco eram abundantes nas casas das gentes abastadas e quem tinha menos possibilidades económicas recorria ao bacalhau, que naquele tempo era um produto muito barato.
SALINAS NATURAIS
As Salinas situam-se a cerca de 3 km de Rio Maior e encaixam-se num vale tifónico no sopé da Serra dos Candeeiros. Rodeadas de arvoredo e terras de cultivo são consideradas uma maravilha da natureza, uma vez que o mar fica a 30 km de distância. O conjunto apresenta-se como uma minúscula aldeia de ruas de pedra e casas de madeira, junto à qual se destacam curiosos tanques de formas e dimensões irregulares, que a partir da Primavera se enchem de água salgada dando origem a alvas pirâmides de sal. A Serra dos Candeeiros é, dada a sua natureza calcária, possuidora de inúmeras falhas na rocha o que faz com que as águas da chuva não fiquem à superfície, formando cursos de água subterrâneos. Uma dessas correntes atravessa uma extensa e profunda jazida de sal-gema que alimenta o poço que se encontra no centro das Salinas, e de onde se extrai água sete vezes mais salgada que a do mar.
SERRA D’AIRE E CANDEEIROS
As serras de Aire e Candeeiros são o mais importante repositório das formações calcárias existente em Portugal, e esta é a razão primeira da sua classificação como Parque Natural.
A morfologia geológica desta serra alberga uma rede de cursos de água subterrâneos, grutas esplendorosas, e uma fauna específica do qual se destacam a gralha-de-bico-vermelho, várias espécies de morcegos, o texugo, a doninha, o toirão, a raposa, o gato-bravo, o lince-ibérico, o sacarrabo, o gineto, a lebre e a perdiz.
Pleno de biodiversidade, este maciço possui ainda cem espécies botânicas protegidas, algumas delas únicas em Portugal. O carrasco, o sanguinho, a aroeira, o zambujeiro, o trovisco, o carvalho português, o rosmaninho e o alecrim são algumas das espécies existentes na zona do Parque.