A obra no intercetor de Rio Tinto, projeto partilhado pelo Porto e Gondomar e que custa 9,7 milhões de euros, vai ficar pronta em maio, cerca de três meses antes do previsto, garantiram os responsáveis locais.
Em declarações aos jornalistas durante uma visita à empreitada com o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, o presidente da câmara de Gondomar, Marco Martins, ao lado do vereador do Ambiente da câmara do Porto, Filipe Araújo, avançou que a conclusão da obra foi “antecipada graças ao clima e meios envolvidos”.
Em causa está a construção do intercetor de Rio Tinto, obra financiada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), que teve início em 2017 e tem um valor estimado de 9,7 milhões de euros, sendo apoiada pelo Fundo de Coesão em cerca de 7,9.
A empreitada inclui a colocação de um equipamento entre as estações de tratamento de águas residuais (ETAR) do Meiral, em Gondomar, e do Freixo, no Porto, bem como a construção de 6,5 quilómetros de passadiço para ligar o Parque Oriental, em Campanhã, ao novo Parque Urbano de Rio Tinto.
Além do passadiço e da reabilitação do rio quer ao nível hidráulico, quer de vegetação ao redor, a obra inclui pequenas zonas de fruição, como a praça que vai surgir na zona do Pêgo Negro, no Freixo, Porto, e melhoramento de acessos a habitações.
“Esta obra é muito importante numa tripla perspetiva. As descargas vão terminar e ficar resolvidas. Em segundo lugar aproveita-se esta intervenção para construir um passadiço e áreas de lazer ao lado de um rio de que tanto se fala e nunca se fala bem. E os melhores fiscais do que não pode acontecer são as pessoas”, disse João Pedro Matos Fernandes.
Ao longo da caminhada de hoje ao longo da obra e junto ao rio, o ministro do Ambiente e restante comitiva foi confrontada com uma descarga que estava acontecer exatamente esta manhã e perto da zona urbana.
“É para estas situações que serve esta obra”, disse de imediato o governante, acrescentando que “a ETAR do Meiral sofre com maior concentração de água nesta altura do ano”.
Questionado sobre de acredita que a partir do próximo ano vá ser possível incluir o rio Tinto na lista de rios com boa qualidade, João Pedro Matos Fernandes lembrou que além desta obra, há trabalho a fazer pelas autarquias locais, nomeadamente a de Gondomar.
“Tenho a profunda convicção de que da ETAR do Meiral para jusante [os problemas] ficam completamente resolvidos. Da ETAR do Meiral para montante há ainda algumas ligações ilegais e ainda haverá investimentos a fazer na rede pública”, disse o ministro.
Confrontado com a mesma pergunta, Marco Martins, admitiu que “existem ainda ligações abusivas no rio”, disse estarem identificadas 38, mas classificou-as de “pontuais”, garantido que “as pessoas estão a ser convidadas a resolver a situação voluntariamente antes de se avançar coercivamente”.
Paralelamente a estas declarações, elemento do Movimento em Defesa do Rio Tinto procuraram denunciar descargas no rio, desmentido que as situações sejam “pontuais” e remetendo “culpas” para a empresa Águas de Gondomar.
“Há um fenómeno forte de contaminação mesmo no centro da cidade. Não tem a ver com situações individuais e não é pontual. Os problemas são estruturais e existem agressões sistemáticas. Nada está a ser feito a montante desta obra. São esgotos domésticos que têm de ser tratados ou com estações elevatórias ou com emissários. A culpa é das Águas de Gondomar e a APA [Agência Portuguesa do Ambiente, a SEPNA [Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente], a câmara [de Gondomar] e a junta [de Rio Tinto] sabem disso porque o movimento já fez queixa em 2017”, disse aos jornalistas Paulo Silva do Movimento em Defesa do Rio Tinto.
A agência Lusa pediu um esclarecimento à Águas de Gondomar, mas até ao momento não obteve resposta, enquanto o presidente da autarquia referiu: “A garantia é que daqui a um ano o rio estará limpo. A Águas de Gondomar, se for esse o caso, terá de cumprir e resolver os problemas, mas o que estão agora a denunciar só tive conhecimento ontem [quinta-feira] e na próxima semana irei pessoalmente verificar”.
Outra das novidades dadas na visita com o ministro do Ambiente prende-se com o corte de tráfego na ponte de Rio Tinto, entre São Caetano e São Roque da Lameira, infraestrutura localizada num dos principais acessos do Porto a Gondomar, também será antecipado face aos cinco meses avançados recentemente.