A Vercoope – União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes foi fundada em 1964 no coração da região demarcada dos vinhos verdes, uma das maiores regiões demarcadas do mundo. Engloba as adegas cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra e promove a qualidade, bem como a venda dos vinhos nelas produzidos. Vocacionada para grandes mercados e compradores, as suas marcas encontram-se nos mais importantes supermercados, na restauração e na distribuição especializada, inclusive, disponíveis na internet. O ‘Mundo Português’ foi conhecer esta empresa que ocupa hoje um lugar de destaque no sector, sendo considerada uma instituição de referência no panorama nacional e internacional.
O Eng.º Casimiro Alves ingressou na ‘Vercoope’ há mais de 30 anos…
Ingressei no grupo exatamente há 32 anos. Iniciei a minha atividade na Adega Cooperativa de Felgueiras como técnico de campo e enólogo, depois trabalhei na área comercial da Vercoope onde a Adega Cooperativa de Felgueiras é o maior acionista. Há seis anos entrei para a administração.
O que é a ‘Vercoope’?
A ‘Vercoope’ é uma união de cooperativas que agrupa sete adegas cooperativas e desempenha o trabalho comercial e de engarrafamento dos vinhos dessas mesmas cooperativas. Representa vendas na ordem dos sete milhões de litros de vinho por ano e comercializa os vinhos das suas associadas que são também as acionistas da ‘Verccope’ Resumindo é uma cooperativa de segundo grau cujos acionistas são as cooperativas.
Na sua opinião qual é a imagem que os mercados têm do vinho verde?
É uma imagem muito boa. O vinho verde é hoje uma marca de referência ao nível mundial, principalmente nos mercados de exportação onde o crescimento tem sido exponencial todos os anos.
Qual é o fator de diferenciação dos vossos vinhos verdes?
Costumamos dizer que o fator de diferenciação é o terroir único e as castas, apesar de haver castas aqui, que estão também no país inteiro. Há castas que são autóctones como o Loureiro, a Trajadura, o Azal e o Alvarinho, ou o Arinto que é uma casta nacional, apesar de se dar muito bem nesta região. Mas para além das castas que são tradicionais da região, temos também o nosso clima e o nosso terroir que nos proporcionam vinhos diferentes dos outros. São vinhos com menos teor alcoólico e com mais frescura e aromas. E que hoje são reconhecidos no mundo inteiro. A região dos vinhos verdes sofreu nos últimos 20 anos uma revolução, com os programas de reestruturação da vinha foram plantados milhares de hectares de vinha e reestruturados outros. Hoje há vinhas novas com sistemas de condução diferentes e outros melhoramentos, o que fez com que os nossos vinhos tenham alcançado uma qualidade incomparável.
Como é que olha atualmente para o setor cooperativo?
Eu não queria distinguir o setor cooperativo dos outros setores ou atividades senão pela qualidade dos acionistas porque de resto somos uma empresa igual às outras. Acontece que como no setor não cooperativo, nas empresas privadas há umas que sobem, outras que descem, umas que são mais dinâmicas, outras menos dinâmicas, entretanto há muitas que já desapareceram e foram líderes de mercado e nas cooperativas acontece a mesma coisa. Houve umas mais bem geridas, outras menos, e algumas desapareceram, naturalmente, por erros de gestão principalmente, mas as que ficaram, eram as melhores e estão hoje com um forte dinamismo e um forte crescimento nas vendas.
A representação de várias adegas cooperativas também se reflete na quantidade de referências que produzem?
Nós comercializamos as marcas das Adegas, sendo que a Adega Cooperativa de Felgueiras representa mais de 50 por cento da nossa produção e do capital da empresa. Também comercializamos um grupo de marcas comuns a todas as Adegas, as chamadas marcas da ‘União’, com destaque para as marcas ‘Via Latina’, ‘Pavão’ e ‘Verdegar’. Algumas destas marcas, especialmente a marca ‘Verdegar’ não se encontram muito no mercado nacional, mas estão bem presentes nos mercados da exportação onde são bastante apreciados.
Qual é o peso da exportação na empresa?
No ano passado atingimos 25% do total de vendas em exportação e faturámos cerca de 10 milhões de euros, esperamos este ano chegar aos 30% do total de vendas e alcançar os 11 milhões de faturação. Tendo em conta que nós há 10 anos exportávamos apenas 10% da nossa produção, foi um grande salto.
Estão em que mercados?
Nós somos líderes no mercado de vinhos verdes na Rússia. Temos uma presença bastante significativa nos EUA e no Brasil. Na Europa estamos nos países onde há comunidades portuguesas e lusófonas, na Alemanha, Luxemburgo, França Itália, Suíça,…mas também nos e nos países nórdicos como a Noruega, por exemplo. Os nossos vinhos estão também no Japão e na Correia. Recentemente abrimos dois novos mercados que estão a revelar-se bastante interessantes, o Cazaquistão e a Ucrânia. Vamos começar muito em breve a exportar para o Azerbaijão e estamos com muito boas espectativas.
Depois de várias campanhas internacionais, qual é a aceitação dos mercados externos aos vinhos verdes?
Nós abordámos durante mais de 10 anos o mercado chinês, sem qualquer sucesso. O mercado da China prefere vinhos tintos e o nosso é branco, preferem vinhos alcoólicos e o nosso é fresco e com menos teor alcoólico e, pelo contrário, nos últimos 5 a 6 anos, abordámos os mercados de leste, Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Cazaquistão e agora Azerbaijão e a aceitação não podia ser melhor, mesmo sem conhecerem o vinho verde, apenas porque gostaram dos vinhos, preferem vinhos mais suaves, vinhos mais aromáticos, mais frescos e neste momento o nosso vinho, que não era conhecido na Rússia, é um sucesso.
Nos mercados de Leste começa a haver uma fuga a produtos muito alcoólicos, como é o caso da vodca. Há uma tendência para o consumo de bebidas com menos teor alcoólico e, talvez fruto de alguma experiencia que já tinham com os espumantes, optaram pelo nosso vinho que partilha algumas características idênticas. O que é certo é que, contrariamente àquilo que esperávamos, na China, onde está calor, não se bebem vinhos frescos, mas sim vinhos tintos com 14 graus, na Rússia, Bielorrússia, Ucrânia e Cazaquistão que são países muito frios no inverno, consomem vinho verde.
Em que medida o SISAB PORTUGAL tem contribuído no aumento de exportações da empresa?
Nós temos ido sempre e cada vez mais nos últimos anos. Temos participado porque realmente achamos que é uma feira que nos tem ajudado a concretizar negócios. Há sempre alguns contactos novos e a abertura de alguns mercados, para além do contacto com os nossos clientes que estão presentes. O facto de marcarmos presença é indicativo de que o SISAB PORTUGAL nos é muito útil.
Quais são as expectativas de futuro para o setor dos vinhos verdes?
Eu acho que o vinho verde vai cada vez mais afirmar-se como uma marca mundial, vai cada vez vender-se mais e vai cada vez produzir-se mais. Há muitas centenas de hectares de vinhas novas plantadas, já há quem esteja assustado e pense que vai sobrar, eu penso que não vai sobrar vinho. Acho que vai faltar vinho no futuro, porque em todo o mundo, o vinho verde é cada vez mais apreciado e com a entrada em produção das novas plantações, a qualidade do vinho verde será melhor. Muita qualidade, muito mercado, não teremos problemas.