República Juliana foi um Estado, já extinto, proclamado na então província de Santa Catarina, do Império do Brasil (1822-1889), que constitui o atual estado brasileiro de Santa Catarina, e que perdurou até 15 de novembro do mesmo ano. Foi uma extensão da Revolução Farroupilha (1835-1845), iniciada na província vizinha do Rio Grande do Sul, onde havia sido proclamada a República Rio-Grandense (1836-1845). A República Juliana, proclamada por David Canabarro e Giuseppe Garibaldi.
A Marinha Imperial Brasileira controlava as principais vias de comunicação dos farrapos, a lagoa dos Patos, entre Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande e a maior parte dos rios navegáveis. Foi preciso engendrar uma manobra incomum para conquistar um ponto que pudesse ligar o Rio Grande dos farrapos com o mar. Este ponto era Laguna, em Santa Catarina.
O primeiro passo era constituir a marinha rio-grandense. Giuseppe Garibaldi conhecera Bento Gonçalves da Silva ainda em sua prisão, no Rio de Janeiro, e obteria dele uma carta de corsario para aprisionar embarcações imperiais.
O plano era criar um estaleiro em Camaquã, trazer os barcos pela lagoa dos Patos até o rio Capivari, e dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do rio Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar.
Foram construídos, os lanchões Seival e Farroupilha, que após pouco tempo na lagoa dos Patos, eram fustigados pela retaguarda pelo temível John Pascoe Grenfell, comandante da marinha imperial na província. Despistando conseguem enveredar pelo estreito do rio Capivari, iniciando o caminho difícil por terra, por causa das chuvas invernais, que haviam tornado o chão um grande lamaçal.
Além disso, a região sul de Santa Catarina, já era desde 1836 um local frequentado por refugiados do Rio Grande do Sul, que fugiam da revolução, apesar de a apoiarem. Alguns dos refugiados aproveitavam para contrabandear pólvora e armamentos para a República Rio-Grandense.
Em 14 de julho de 1839 os lanchões rumavam a Laguna, sob o comando geral de David Canabarro. O Seival era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como “João Grandão”, e o Farroupilha comandado por Garibaldi.
Na costa de Santa Catarina, próximo ao rio Araranguá, uma tempestade pôs a pique o Farroupilha, salvando-se uns poucos farrapos, entre eles o próprio Garibaldi.
Finalmente atacaram por terra, com as forças de Canabarro, e por água. Entrando em Laguna através da lagoa de Garopaba do Sul, cruzando a barra do Camacho, passando pelo rio Tubarão e atacando Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa. Garibaldi, com o Seival, tomou Laguna com ajuda do próprio povo lagunense, a 22 de julho de 1839. A 29 de julho de 1839 proclama-se a República Juliana, para a preservação do porto em mãos republicanas. O nome “Juliana” refere-se ao mês da proclamação.
Após conquistar Laguna, as forças farroupilhas continuaram avançando para o norte, perseguindo as tropas imperiais, avançaram cerca de 70 quilómetros até a planície do rio Maciambu. O avanço foi contido devido a um entrincheiramento das forças imperiais protegido pela geografia do morro dos Cavalos, que dificultava o acesso das tropas farrapas e lhes bloqueava o avanço para o ataque a Desterro (atual Florianópolis).
Os farroupilhas fizeram incursões mais ao norte, chegando a atacar a barra de Paranaguá, em 31 de outubro de 1839. Uma escuna e um lanchão farroupilhas capturaram a sumaca Dona Elvira, porém foram combatidos pelos canhões da fortaleza e obrigados a retroceder. A escuna recuou rumo ao norte, porém o lanchão, mais pesado, por ali parou e foi capturado por uma lancha com vinte homens comandada pelo alferes Manuel Antônio Dias e a lancha Dona Elvira foi recuperada.