A guerra colonial já faz parte da história de Portugal mas ainda toca e muito a milhares de pessoas que foram incorporadas, a famílias que perderam filhos e aos que sofrem na pele, as sequelas pós traumáticas. A Guerra Colonial foi um facto, como a I Guerra Mundial, a Segunda Grande Guerra e não pode ficar esquecida, pois um povo sem memória, é um povo sem história e um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.
A Vila de Aver- O mar no concelho da Póvoa de Varzim procedeu recentemente, com toda a solenidade e alguma emoção á mistura, á inauguração do Monumento de Homenagem aos Ex- Combatentes do Ultramar (1961-1975) que fica exposto, para memória futura no largo da igreja matriz. Cerca de duas centenas de pessoas, estiveram presentes em que houve lugar a celebração da missa pelo padre de Aver-o-Mar, Joaquim Amorim e em que o presidente da junta da União de freguesias de Aver-o-Mar, Amorim e Terroso Carlos Maçães, usou da palavra, evocando a efeméride e enaltecendo a escolha do local, que os ex-combatentes escolheram para o implantar.
Referiu que este é o reconhecimento que faltava em Aver-o-Mar “ as pedras que compõem este monumento representam o sacrifício e o luto das famílias, que ainda hoje choram por aqueles que nunca mais regressaram”. De seguida leu uma mensagem do nosso assinante e ex-membro dos ex-combatentes emigrados, que lutaram até mais não para que o seu tempo de tropa foi contado para efeitos de reforma- Manuel Gomes da Silva- emigrado no Luxemburgo, ex-1º cabo do Batalhão de Cavalara 38-71 – Cavaleiros de Maiombe que referia” um grupo de ex-combatentes da nossa vila, com a colaboração do presidente da junta d e freguesia decidiu construir este singelo monumento de homenagem aos ex-combatentes, para perpetuar às gerações futuras o testemunho daquilo que foi a guerra da nossa geração, a guerra colonial de 1961 a 1975, em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique. A nossa missão era defender e proteger as populações e os seus pertences. Sofremos na carne os horrores de uma guerra injusta e, sobretudo, a ausência da família.

Manuel Gomes da Silva ex-combatente e emigrado no Luxemburgo
Foi a guerra de uma geração obrigada a participar numa confrontação injusta e sangrenta que vitimou de morte aproximadamente 9 mil companheiros e deixou inválidos para o resto dos seus dias mais de 30.000 camaradas. Perdemos companheiros, gritamos de revolta, sofremos privações e medos. Lutamos para sobreviver num meio que desconhecíamos por completo e que nos era hostil”. Recordando todos os que ficaram sepultados nas antigas colónias e cujas campas são capim e estão ao abandono – Manuel Gomes da Silva registou no seu depoimento” Nesta efeméride, é nossa obrigação exigir que os restos mortais dos nossos companheiros sejam repatriados. Muitos já nem família terão e neste caso caberá às juntas de freguesia encontrar local condigno para o seu eterno descanso. Os falecidos nada pediram a não ser regressar sãos e salvos”

Presidente da Junta no uso da palavra da União de freguesias de Aver-o-Mar, Amorim e Terroso – Carlos Maçães
Presente ainda o presidente do Núcleo da Póvoa de Varzim da liga dos Combatentes- Fernando Zeferino, em representação da câmara a vereadora Sílvia Costa, bem como um pelotão militar que fez a honras militares numa cerimónia solene que assinala nesta vila a passagem dos seus filhos pela Guerra Colonial.
Relacionadas
Nesta terça-feira dia 29 de Maio, comemora-se o aniversário dos Soldados da Paz da ONU (Organização das Nações Unidas). São os chamados capacetes azuis, forças militares que participam das missões de paz. Pela primeira vez a data foi comemorada em Portugal, junto ao Monumentos dos Combatentes do Ultramar, no Forte do Bom Sucesso em Lisboa, próximo da Torre de Belém com a presença do Presidente da República, do ministro da…