A Causa de Beatificação e Canonização do Padre Cruz assinala dia 29 de julho, domingo, os 159 anos do nascimento do Padre Cruz. O Vice-postulador da Causa do Padre Cruz, P. Dário Pedroso sj, celebrará Missa na Capela do Cemitério de Benfica pelas 10h00 e é aberto o Jazigo da Companhia de Jesus, onde o “Santo”, como era já em vida conhecido e assim chamado por todos os seus devotos, Padre Cruz repousa, por seu pedido expresso.
O Padre Francisco Rodrigues da Cruz, quarto filho de Manuel da Cruz e D. Catarina de Oliveira da Cruz, era natural da vila de Alcochete, onde nasceu a 29 de Julho de 1859. Os pais, temendo pela sua frágil vida, chamaram um sacerdote para que fosse batizado em casa, sendo as cerimónias do batismo apenas completadas em fevereiro do ano seguinte.
Apesar da frágil saúde que o acompanhou desde cedo, e ao longo da sua vida, o Padre Cruz, prosseguiu a sua vida, como qualquer rapaz da sua idade. Concluídos os estudos secundários, o pai perguntou-lhe que percurso queria seguir, ao que o Padre Cruz respeitosamente, respondeu “A vontade do pai é também a minha”. Ambos sabiam que vontade era essa e assim seguiu para Coimbra, onde se formou em Teologia na Universidade de Coimbra em 1880, ordenando-se sacerdote em 1882.
Desde 1880 que o Padre Cruz desejava entrar na Companhia de Jesus, vendo várias vezes indeferido o seu pedido por falta de saúde, veio a conseguir, em 1929, de Pio XI, licença para fazer os votos religiosos à hora da morte e, em 1940, de Pio XII, para os fazer imediatamente, sem noviciado. Pronunciou-os no Seminário da Costa, em Guimarães, a 3 de dezembro de 1940, festa de S. Francisco Xavier, de quem era devotíssimo.
A vida do Padre Cruz foi de oração e união constante com Deus, onde quer que se encontrasse, aproveitava todas as oportunidades, momentos em que não estava ocupado com alguma outra coisa ou conversa para orar. O Terço e o Breviário acompanhavam-no sempre, recitou o breviário enquanto lhe foi permitido, as contas do Terço não paravam de lhe passar pelos dedos, chegando a medir as distâncias percorridas pelos Terços que rezava.
Uma vida de peregrinação
Uma vida de peregrinação, por aldeias, vilas, cidades, em Portugal, de Norte a Sul, Madeira, onde esteve em abril de 1942 e logo depois, em agosto desse mesmo ano, nos Açores, a pedido insistente de imprensa da altura, do povo e do Bispo de Angra, mal souberam que o Padre Cruz estava de visita à ilha da Madeira. Por todos os lugares emanava a sua bondade, caridade e amor a Deus, a Nossa Senhora, era com muita frequência que impunha o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo durante as suas viagens, a sua devoção ao Santíssimo Sacramento era por todos conhecida.
O Padre Cruz, que visitou Lourdes, Turim e Roma, como peregrino, tornou-se também ele um peregrino de Fátima e fervoroso defensor do milagre que ali aconteceu. Por toda a parte o Padre Cruz falava de Fátima, ajudando a afastar a ideia de crendice popular entre os círculos católicos, entre a classe social mais elevada, que sobre sua influência, foram sendo esclarecidos.
Já anteriormente, em 1913, o Padre Cruz tinha dado a Primeira Comunhão e confessado Lúcia, por o Pároco se negar a dar-lhe a Comunhão. Posteriormente, em 1918, e a pedido do Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Mendes Belo, o Padre Cruz foi a Fátima com a missão de interrogar as crianças e certificar-se que Nossa Senhora mais uma vez queria salvar Portugal. Ali, dirige-se aos videntes com toda a sua ternura, aconselha-os a serem bons, fugir das más companhias, ensina-lhes várias jaculatórias, reza o terço com eles.
A todos abordava de igual forma, crentes e descrentes, sem olhar a classes sociais, mas sempre dedicando especial atenção aos “seus” presos, doentinhos, pobres, muitos que só a ele se confessariam, distribuindo conforto espiritual e material. Não ia a nenhum lugar, sem se deslocar à cadeia e hospital desse sítio. No final das Missas, sempre tinha esmola para distribuir, ou mandava dar esmola, se ele próprio não pudesse, ou não estivesse em tal local.
Sobre o Padre Cruz, são muitos os casos que se contam a ele atribuídos, de curas, adivinhar nomes, se aquela criança era ou não batizada. O célebre caso do comboio que só se pôs em marcha depois de deixarem o Padre Cruz subir novamente, pois um funcionário, vendo que o Padre Cruz não possuía bilhete (o Padre Cruz não tinha dinheiro, pois o que trazia com ele, dava), tinha feito com que descesse.
O “Santo” Padre Cruz, faleceu aos 89 anos de idade, em 1 de outubro de 1948, depois de uma longa existência, em que se tornou exemplo vivo das mais sublimes virtudes e dum intenso amor a Deus e ao próximo. O seu funeral foi verdadeira apoteose em Lisboa, o percurso da Sé de Lisboa até jazigo dos seus irmãos jesuítas no Cemitério de Benfica, onde, por vontade própria, quis ficar sepultado moveu multidões.
O Processo Informativo Diocesano sobre a Fama de Santidade e das Virtudes do Padre Cruz foi enviado para a Santa Sé em 1965 e os escritos do Padre Cruz (recolha de correspondência, notas, orações, etc.) aprovados por Decreto promulgado pela Congregação das Causa dos Santos em 1971.
A Vice-postulação da Causa de Beatificação e Canonização do Padre Cruz trabalha para que o Padre Cruz suba aos altares. Uma nova Comissão histórica vai avançar com o que falta no processo para que esta parte possa dar entrada na Santa Sé.
Secretariado da Causa do Padre Cruz