Foi há exatamente 49 anos que Maria Isilda Ribeiro via a “sua” bandeira aterrar na Lua. Chegou-lhe semanas antes às mãos, já com os “picotados” para costurar. O tecido era uma mistura de nylon com fibra de vidro, de forma a resistir à atmosfera lunar, e foi ela quem fez os remates e coseu as bainhas e a dobra para a haste. Fê-lo sem questionar porque era essa diferente de todas as outras e, por isso, saber que era essa a bandeira que Neil Armstrong iria cravar na Lua.
Maria Isilda Ribeiro terá hoje 72 anos. Saiu da vila de Sosa, no concelho de Vagos, onde nasceu, aos 20 para rumar aos Estados Unidos. Corria o ano de 1966 e a então jovem foi trabalhar para aquela que ainda hoje é a mais antiga fábrica de bandeiras do mundo, a Annin & Company, em Roseland, Nova Jersey. Aqui trabalhavam ainda outros quatro portugueses. “Por acaso, foi um deles, mais velho, quem a estampou”, recordou em tempos a própria em entrevista a um blogue.
Soube que tinha sido a “sua” bandeira a chegar à Lua por causa de todo o processo que envolveu a sua fabricação. “Tudo começou no final de 1968, quando começámos a fazer bandeiras especiais. Sabíamos apenas que eram para experiências”. Descobriu a verdade depois de o astronauta norte-americano a ter deixado por lá, a 20 de julho de 1969. A “costureira espacial”, como lhe chama, tinha demorado cerca de 30 minutos de trabalho no corte e costura e ganho o equivalente a 40 cêntimos.
Quase cinco décadas depois, Maria Isilda vive novamente na vila que a viu nascer. A filha, casada e que já lhe deu uma neta, ainda vive o sonho americano.