ENTREVISTA COM JOÃO OLIVEIRA E CARLA SOUSA, ‘DOM DUARTE’
Foi no ano de 1997 que João Duarte percebeu que teria de começar a fabricar o seu muito cobiçado Molho de Francesinha de forma mais intensa para responder à elevada procura que verificava. A adesão ao molho foi um sucesso tal, que por causa dele surgiu a ‘Dom Duarte’. Depois de investir numa linha de produção, a empresa continuou a impressionar os seus consumidores com outros molhos, mas também chás e infusões, especiarias e temperos. A ‘Dom Duarte’ nunca abandonou os métodos tradicionais caseiros, sempre privilegiando os ingredientes naturais e as fórmulas tradicionais. O ‘Mundo Português’ foi conhecer esta empresa com ‘um certo gostinho a excelência’.
Como é que surge a ‘Dom Duarte’?
João Oliveira – A ‘Dom Duarte’ surgiu há 21 anos. O sócio fundador, Sr. João Duarte, criou um molho de francesinha que era muito elogiado por todas as pessoas que o experimentavam. Desde que começou a produzir, até começar a vender, foi muito rápido. Foi assim que tudo começou, com o molho de francesinha.
Depois ampliaram o portefólio de produtos?
Sim, depois do molho de francesinha criámos vários tipos de molhos. Com o investimento na nova linha de produção, o nosso foco foi diversificar para as especiarias e os temperos. Fizemos uma fábrica especificamente para produção de temperos, condimentos, chás e fomos cada vez mais diversificando, para não ficarmos dependentes de uma ou outra gama.
A criação do departamento de Inovação e Desenvolvimento também nos ajudou bastante na criação de novas soluções e produtos. É hoje um departamento estratégico e fundamental para nós, uma vez que nos tem ajudado efetivamente na criação de mais-valias para a empresa.
O que é que mais caracteriza a ‘Dom Duarte’?
Eu acho que não há nenhuma empresa como nós. Em primeiro lugar destaco a imagem. Uma imagem muito viva e alegre. A nossa imagem é muito própria e quem procura um produto ‘Dom Duarte’ sabe onde o encontrar.
Em segundo lugar a qualidade. Há no mercado produtos de qualidade e há produtos onde o baixo custo é privilegiado, nós, nitidamente, enquadramo-nos nos produtos de qualidade.
Em terceiro lugar o nosso serviço. Acho que oferecemos um excelente serviço. Somos organizados, somos focados, fornecemos atempadamente os nossos clientes e respondemos às necessidades muito rapidamente.
A conjugação destes três elementos, imagem, qualidade e serviço, fazem da ‘Dom Duarte’ uma empresa muito forte e sólida.
A imagem corporativa da empresa é bastante tradicional e apelativa…
Nós cuidamos muito da nossa imagem. A nossa imagem representa aquilo que nós somos. É uma imagem caseira, jovem, atrativa e da qual as pessoas gostam ao contactar com ela. Trata-se de uma imagem que enaltece o conjunto, onde todas as gamas e departamentos se conjugam.
A nossa estratégia de Inovação e Desenvolvimento é absolutamente fundamental e foca-se na conjugação da imagem, com a qualidade que alcançamos nos nossos produtos. A qualidade é um dos nossos principais focos, o que aliado à nossa imagem tem tido resultados de sucesso.
Como é que surgiu a ideia de produzir chá?
Nós criamos produtos muito temperados, com muito sabor, para realmente ‘darem corpo’ a uma refeição, digamos assim. Os nossos produtos habitualmente representam a ‘cereja no topo do bolo’, através do tempero e do sabor condimentado.
Quisemos sair um pouco desta lógica. Por outro lado adaptámo-nos aos pontos de venda que tínhamos, uma vez que fazemos muito retalho, onde vendemos os molhos, os temperos, os condimentos e as especiarias. Apesar de haver marcas de referência no mercado, não havia muitas marcas de chá, achámos que fazia sentido lançar um chá, tanto em termos de produto tradicional, como em termos dietéticos, o que foi uma aposta ganha e tem tido muito sucesso mesmo.
A exportação já é uma realidade na ‘Dom Duarte’?
Nós temos um departamento de exportação há cerca de um ano e meio, mas temos exportado os nossos produtos desde sempre, com mais expressão há cerca de dezoito anos.
Por isso tivemos necessidade de criar um departamento de exportação para profissionalizar este setor, com a contratação da Dra. Carla Sousa, que veio chefiar o departamento de exportação, temos tido aumentos de vendas na ordem dos 60% anuais.
Estão mais focados no retalho ou na exportação?
Nós trabalhamos muito para o setor do retalho. Foi a génese do nosso negócio e é um canal muito importante para nós, até porque a maior parte das empresas focam-se nas grandes superfícies. Assim, o retalho é determinante na nossa visão e foco.
Temos vendedores e distribuição com frota própria, dispomos de uma sucursal em Lisboa, no Carregado, responsável pela distribuição de retalho na zona sul do país. Também trabalhamos com grandes superfícies, apesar de estrategicamente não ser um setor onde façamos um grande investimento. Na exportação tem sido muito interessante trabalhar e temos evoluído muito. Estes são os nossos focos de negócio.
Para que mercados procuram exportar?
Estamos a trabalhar novos mercados onde achávamos que seria muito complicado entrar, mas estes são os mais importantes, porque onde é mais fácil entrar há menos retorno e estamos lá todos. Nós fazemos questão de tentar estar um pouco à frente dos nossos concorrentes.
Também temos uma direção industrial nova que nos fez passar para um patamar bastante superior em termos de qualidade, em termos de serviço e em termos de garantia para os nossos clientes. Estamos a atravessar um processo de certificação de forma a apetrechar a empresa com elevada qualidade.
Neste momento estamos empenhados em entrar no mercado norte-americano, o que é difícil, mas estamos a conseguir. O mercado sul-americano também está a mexer. Depois de alguma dificuldade em entrar, estamos lentamente, com persistência e qualidade a chegar lá. E também um pouco o mercado asiático onde estamos a trabalhar e começamos já a ter algum retorno. A exportação e a abertura de novos mercados para além do Europeu e do Africano é muito importante para nós.
Qual é a reação dos mercados externos aos vossos produtos?
Carla Sousa – A reação aos nossos produtos é sempre muito boa. Não só pela novidade que representam e pela imagem, mas acima de tudo, porque as pessoas provam os nossos produtos. Temos visto isto acontecer nas feiras e depois não é preciso dizer mais nada…
Os países onde é mais fácil entrar com os nossos produtos são os PALOP e a Europa. Na Europa tudo o que é português tem bastante procura e nos PALOP, porque têm muito da nossa tradição culinária e tudo aquilo que usamos na nossa cozinha, eles usam também. Acabam por ser mercados de mais fácil penetração.
Há países onde ainda não conseguimos entrar, como na América Latina, que são mercados onde estamos a trabalhar, mas com maior lentidão. É preciso encontrar parcerias de sucesso e a negociação torna-se mais longa do que em países africanos como Angola, Moçambique ou a Guiné.
Em que medida a presença no SISAB PORTUGAL tem ajudado a empresa?
O SISAB PORTUGAL tem ajudado a empresa a conseguir novos clientes, mas sobretudo temos que estar lá para conseguir alcançar novos mercados.