Póvoa de Lanhoso e Gondomar apresentaram ontem a certificação da filigrana, com o selo ‘Filigrana de Portugal’, e querem avançar agora com o processo de candidatura desta arte da ourivesaria portuguesa, a Património da Humanidade.
A certificação da ‘Filigrana de Portugal’ surge de um processo iniciado em março de 2017 e apresentado conjuntamente pelas autarquias de Póvoa de Lanhoso e de Gondomar, dois municípios com grande tradição na produção de filigrana.
A certificação foi atribuída pela Adere Certifica, organismo de certificação acreditado pelo Instituto Português da Acreditação, e cumpre todos os requisitos previsto no Sistema Nacional de Certificação das Produções Artesanais Tradicionais.
A certificação foi, para já, atribuída a 21 unidades produtivas artesanais nos dois concelhos, e estas podem exibir nas suas peças a marca da certificação com a chancela da ‘Filigrana de Portugal’.
A cada unidade produtiva artesanal foi entregue uma punção e etiquetas para colocação em cada peça certificada. “A marca da punção diretamente na peça e a etiqueta enquanto ‘selo de garantia’ comprovam perante o consumidor tratar-se de uma peça única, produzida de forma artesanal”, explica a autarquia e Gondomar num comunicado.
A ‘Filigrana de Portugal’, marca registada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial e propriedade de ambos os municípios, abre portas “para o tão acalentado sonho de levar a filigrana, como técnica específica, registada e regulamentada, além-fronteiras”, refere um comunicado divulgado pela autarquia de Póvoa de Lanhoso.
A ‘Filigrana de Portugal’ é o 12º produto certificado no em Portugal continental, mas o primeiro a envolver duas entidades parceiras neste processo.
O caderno de especificações para a certificação foi estabelecido pela Adere-Minho – Associação para o Desenvolvimento Regional do Minho. A certificação representa uma garantia de qualidade para o consumidor.
Refira-se que Póvoa de Lanhoso e Gondomar são dois concelhos de artesãos e mestres da arte da filigrana por excelência.

O desafio agora será conseguir que seja classificada como Património da Humanidade pela UNESCO
Património da Humanidade: o novo desafio
Para o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, este foi “mais um passo”, na qualificação desta arte da ourivesaria portuguesa, acrescentando que “esta certificação só faria sentido se a fizéssemos juntos”
O autarca sublinhou aidna que os dois municípios estão a “dar um exemplo ao país”. “Dois territórios diferentes, duas realidades diferentes, com características diferentes, de partidos políticos diferentes, foram capazes de se aproximar e pôr de lado as suas diferenças para colocar acima de tudo as pessoas”, destacou.
Já o autarca da Póvoa de Lanhoso, Avelino Silva, afirmou que “certificar uma arte que faz parte da nossa identidade, era uma ambição antiga da autarquia que agora se concretiza”.
“É, também, um ato de justiça para com os artesãos que há muitos séculos preservam esta técnica, não desistindo de afirmar a filigrana como elemento distintivo na ourivesaria tradicional”, referiu, na sua intervenção de apresentação da certificação ‘Filigrana de Portugal’.
O desafio agora “pela preservação de uma arte que tem um valor cultural incalculável”, será conseguir que seja classificada como Património da Humanidade, pela UNESCO, afirmou Avelino Silva.
“Temos de ser capazes de ir ainda mais além, na capacidade de ser audazes, e a candidatura a património imaterial da Humanidade será, certamente, um desafio para nós e para o País”, disse por sua vez Marco Martins.