A atriz Laura Soveral, de 85 anos, morreu esta quinta-feira, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A atriz morreu vítima de Esclerose Lateral Amiotrófica e doou o seu corpo à ciência, pelo que não haverá cerimónias fúnebres, disse à Lusa a filha da atriz, Paula Soveral.
“Num ato de humildade e generosidade, próprio de uma mulher ‘muito à frente do seu tempo’, doou o corpo à ciência pelo que não haverá cerimónias fúnebres”, revelou a filha da atriz num comunicado. A família da atriz agradece todos os pensamentos de paz, luz e amor que possam ser enviados em sua memória e, por considerar que o “o espírito não morre, é eterno”, no âmbito das filosofias orientais, apela a que o espírito de “Laura renasça em breve, para mais uma jornada luminosa”.
Maria Laura do Soveral Rodrigues, conhecida como Laura Soveral, nasceu em 23 de março de 1933, na cidade de Benguela, Angola, e somou vários prémios pelo trabalho como atriz, em particular no cinema e no teatro, embora também tenha feito ficção para televisão em Portugal e no Brasil.
Fixou-se em Lisboa, onde frequentou Filologia Germânica, na Faculdade de Letras, e a Escola de Teatro do Conservatório Nacional, tendo enveredado pela representação, no início dos anos de 1960.
Estreou-se na representação, em 1964, no Grupo Fernando Pessoa, dirigido por João d’Ávila.
“Estrada da Vida”, filme de Henrique Campos, valeu a Laura Soveral o Prémio de Melhor Atriz de Cinema, do então Secretariado Nacional de Informação (SNI), e o Prémio Bordalo, da Casa da Imprensa.
Colaborou na televisão, em Portugal e no Brasil. Em Portugal, nos anos de 1960 e 1970, foi sendo chamada para fazer teatro ou para declamar poesia, no programa Hospital das Letras de David Mourão-Ferreira.
No Brasil, onde se fixou na década de 1970, destaca-se em particular a participação em “O Casarão” e “Duas Vidas”, da TV Globo.
Nos palcos, trabalhou com companhias como o Teatro da Cornucópia, o Teatro Experimental de Cascais, o Novo Grupo/Teatro Aberto e A Barraca, e participou em encenações como “O avarento”, “A Casa de Bernarda Alba”, “O processo de Kafka”, “D. Quixote” e “Primavera Negra”.
No cinema, destacam-se as interpretações em “Uma abelha na chuva”, de Fernando Lopes, a par de “A divina comédia”, “Francisca” e “Vale Abraão”, todos de Manoel de Oliveira, “Tráfico”, de João Botelho”, e “Quaresma”, de José Álvaro Morais.
Mais recentemente, Laura Soveral entrou em “Tabu”, filme de Miguel Gomes, “O Cônsul de Bordéus”, de Francisco Manso e João Corrêa, “Cadências Obstinadas”, de Fanny Ardant, “Os Maias”, de João Botelho.
A Academia Portuguesa de Cinema distinguiu-a em 2013, com o prémio de carreira e, em 2017, com o Prémio Bárbara Virgínia, de homenagem a mulheres do cinema português.
Na altura, a academia disse que Laura Soveral representa “um extraordinário exemplo de determinação e profissionalismo para gerações futuras”.