A Polícia Judiciária deteve ontem 56 homens, quatro deles em flagrante delito, no âmbito de uma operação que visou o grupo de motociclistas Hells Angels em várias zonas do país.
Em conferência de imprensa, o diretor nacional da PJ e a coordenadora da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo explicaram que esta ação estava programada há algum tempo e que em causa estão indícios de tentativa de homicídio, roubo, ofensa à integridade física, associação criminosa, já que há vários inquéritos incorporados.
Entre os 56 detidos, estão cinco cidadãos estrangeiros, da Alemanha e da Finlândia, e vários elementos da segurança privada.
Quatro dos 56 elementos dos Hells Angels foram detidos em flagrante por posse de arma de fogo.
Na operação estiveram envolvidos cerca de 400 elementos de várias unidades da PJ de norte a sul do país.
A coordenadora Manuela Santos explicou aos jornalistas que a ação policial de hoje estava programada “há algum tempo” e que “os objetivos foram cumpridos”, adiantando que a contabilidade do material apreendido ainda não pode ser feita porque há equipas que ainda não chegaram à sede.
Questionada sobre a motivação do grupo Hells Angels, a coordenadora negou que tivesse motivações política, nomeadamente de movimentos de extrema-direita.
“Muitas vezes os Hells Angels são integrados por ‘skinheads’, mas este fenómeno não tem como motivação política ou ideológica”, explicou a coordenadora da operação acrescentando que o grupo está ligada “à atividade comum como tráfico de armas e de droga, extorsão e lenocínio”.
Este grupo já existe em Portugal desde 2002 e, segundo a dirigente da PJ, estava a ser acompanhado pela polícia desde então.
Os atos violentos ocorridos em março no Prior Velho, Loures, que envolveram dois grupos rivais de motards – Hells Angels e Red&Gold – fez seis feridos, dos quais três graves foi a primeira manifestação mais violenta.
“Esta associação criminosa já existe em Portugal desde 2002 e é um fenómeno que tem vindo a crescer em número de pessoas e em manifestações mais violentas. No Prior Velho foi a primeira vez que houve uma manifestação tão poderosa e em força como uma associação criminosa”, afirmou Manuela Santos, acrescentando que foi a primeira vez 100 elementos atuaram em grupo “com o objetivo comum de eliminar a concorrência”.
A operação policial de desmantelamento do grupo também teve em conta a realização, de 19 a 22 julho, do encontro de Motards de Faro.
O diretor nacional da PJ Luis Neves ressalvou o facto de a operação policial ter culminado com o desmantelamento de uma associação criminosa “que impedia a liberdade dos cidadãos, nomeadamente nas estradas” e foi fruto de muito tempo de investigações que contaram com a ajuda do Serviço de Informação e Segurança, GNR, PSP.
Os detidos começam hoje a ser ouvidos por um juiz de instrução para a aplicação da medida de coação.