Rui Rio diz que reuniões em Luanda foram de “grande relevo” para Portugal

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O presidente do PSD, Rui Rio, classificou as reuniões com o líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, e com o Presidente angolano, João Lourenço, como “de grande relevo” para Portugal, garantindo que visitou Angola mal teve oportunidade.

Em apenas quatro horas, durante a manhã de hoje, o líder do maior partido da oposição em Portugal foi recebido em Luanda pelas duas figuras mais importantes do quadro político angolano, mas preferiu não sobrevalorizar o facto de acontecerem antes da anunciada visita a Luanda do primeiro-ministro português, António Costa.

“Eu vim quando tive oportunidade de vir. A minha deslocação a Angola está pensada há bastante tempo, desde que eu sou presidente do partido, houve a oportunidade de o fazer agora e eu fi-lo agora”, disse Rui Rio, questionado pelos jornalistas, ainda na sede nacional do MPLA, sobre uma antecipação ao primeiro-ministro português.

Ao sair da reunião com José Eduardo dos Santos, chefe de Estado angolano entre 1979 e 2017, Rui Rio classificou os encontros da manhã de hoje – os primeiros do género, ao mais alto nível, em vários anos – como sendo “de grande relevo” para Portugal.

“É bom para o PSD, mas eu penso que é bom, acima de tudo, e é isso que me preocupa sempre, é bom para Portugal e penso que também bom para Angola”, apontou.

Rui Rio chegou a Luanda na quarta-feira à noite e regressa a Portugal na sexta-feira.

Os encontros de hoje, os únicos conhecidos da agenda, acontecem precisamente na véspera da reunião extraordinária do Comité Central do MPLA, de preparação do congresso que marcará a saída de José Eduardo dos Santos da liderança do partido e a confirmação de João Lourenço na liderança, também, partidária.

Rui Rio justificou a reunião com José Eduardo dos Santos como o “estreitar de relações historicamente muito boas”, entre o MPLA e o PSD: “É com todo o gosto que nós continuamos com essa relação, que é boa para os dois partidos e é boa, como digo, quer para Angola quer para Portugal”.

Uma transição no poder, ao fim de quase 40 anos, que o político português vê com naturalidade, face aos “novos desafios” de Angola: “Uma coisa eram os desafios nos 70, nos anos 80, nos anos 90. E agora o desafio que se põe a Angola é completamente diferente. Há aqui o abrir de uma nova etapa, que é normal, é assim na vida”.

Rui Rio insistiu que Angola e Portugal podem ter uma colaboração complementar, em várias áreas, desde a economia à educação, passando ainda pela saúde.

O mesmo acontece com a implementação do modelo autárquico em Angola, que arranca, com as primeiras eleições locais, em 2020, em que, afirmou, “o MPLA terá seguramente um papel decisivo”, podendo contar com a experiência de mais de 40 anos de “Portugal e do PSD”.

“Se essa experiência poder servir para alguma coisa, estamos naturalmente também disponíveis”, afirmou Rui Rio.

Questionado pelos jornalistas, o líder do PSD admitiu a necessidade de a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) encontrar um novo rumo, para fortificar a própria organização e a relação entre os países.

Usando como exemplo a CPLP, disse igualmente que Portugal “não pode estar só virado para a Europa”, devendo antes dar atenção também aos países do Atlântico, sendo Angola, nesse contexto, um “parceiro natural”.

A viagem do líder do PSD acontece depois de a Procuradoria-Geral da República ter transferido para Angola o processo judicial que envolve Manuel Vicente.

O primeiro-ministro, António Costa, também deverá deslocar-se a Angola em breve, mas não foram ainda adiantadas datas.

Em 04 de junho, o chefe de diplomacia angolano, Manuel Domingos Augusto, disse, em Bruxelas, que estava a trabalhar diretamente com o seu homólogo português, Augusto Santos Silva, para que o programa da deslocação de António Costa a Angola “esteja à altura dessa visita”.

Na altura, Manuel Domingos Augusto comentou que a visita do primeiro-ministro português a Luanda “já poderia ter tido lugar antes”, se não fosse o processo do ex-vice-Presidente angolano, mas sublinhou que, resolvida que está essa questão, com a transferência do processo para a Justiça angolana, “agora o mais importante” é trabalhar em conjunto para repor a normalidade nas relações luso-angolanas.

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