Ao longo de 50 anos de atividade, a Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve (CACIAL) tem garantido uma cooperação frutuosa com os seus parceiros passando por um compromisso com a sustentabilidade social, ambiental e económica.
A 6 de agosto de 1964, um grupo de produtores de citrinos do Algarve, constituíram a Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve, C. R. L. (CACIAL).
A mesma foi reconhecida como Organização de Produtores em 15 de Fevereiro de 1995, com jurisdição para a toda a Província Algarvia. Tendo sido a primeira unidade do país a higienizar e embalar citrinos de forma industrial.
Em 1982 e através de um projeto da CEE, reapetrecha-se com equipamento mais moderno para laboração de citrinos
No ano de 1995 a CACIAL, consegue aprovar um seu projeto, com o qual colocou os citrinos algarvios num patamar de excelência com o reconhecimento da Indicação Geográfica Protegida, (IGP). A empresa tem como missão o cumprimento da responsabilidade social para com os seus parceiros, com que foi trabalhando ao longo de 50 anos de atividade e é com esta relação sustentável com produtores e clientes que garante uma cooperação frutuosa e de longa duração, passando por um compromisso inequívoco com a sustentabilidade social, ambiental e económica.
departamento técnico da Cacial, foi criado em Outubro de 2000, na sequência da necessidade da racionalização de custos na produção, com menores e melhores intervenções fitossanitárias e preservação do meio ambiente, através da utilização de produtos com menor impacto nos ecossistemas.
Toda a atuação nessa altura tinha por base as regras da Proteção integrada em citrinos por se tratar de um sistema agrícola de produção de alimentos e outros produtos de alta qualidade que utiliza recursos e mecanismos de regulação natural, para substituir os fatores de produção agressivos ao meio ambiente e que assegura a longo prazo uma agricultura sustentável.
Horácio Ferreira – diretor geral da CACIAL
Há quantos anos é o rosto da empresa?
Entrei no dia 1 de outubro de 1985 portanto estou cá há 33 anos. Sou técnico e assumi a gerência da empresa.
Com a evolução das coisas cheguei a diretor operativo e mais tarde diretor geral.
A responsabilidade do diretor geral vai desde a produção até à comercialização. É muito responsabilidade…
Claro que sim, mas tudo isto está divido do por departamentos com os seus respetivos responsáveis.
Mas devo dizer que gosto muito daquilo que faço, e de outra maneira nem aguentaria tanto tempo, porque ao longo destes anos houve altos e baixos e sobretudo muitas transformações e fases.
Recordo que foi bastante difícil todo o processo de adaptação à normalização do fruto, e o próprio mercado chegou a uma altura que não nos dava saída. Foi aí que “desviamos a agulha” para as grandes cadeias de distribuição.
Nunca se arrependeu dessa relação com as grandes superfícies?
Atravessei diferentes fases. No entanto sempre assumimos que a eles se devia a dinâmica do setor e principalmente o seu desenvolvimento.
E se hoje existe exportação é porque o caminho trilhado com as cadeias de distribuição permitiu a aprendizagem do “como fazer”, foi quase uma espécie de escola.
O grande problema é que eles são grandes “organizações organizadas” e nós muitos vezes somos “organizações desorganizadas” … E por isso eles acabam por impor as suas regras até porque têm mais força do que nós pela superioridade.
Mas nota-se que a CACIAL está com um grande dinamismo, a fazer uma grande aposta no futuro…
A CACIAL goza de bom nome que tem no mercado. A marca vende bem, está conceituada e a qualidade que sai daqui é excelente, pelo menos assim afirmam os clientes.
Tem consciência de que é a “mola real” do que a CACIAL é hoje como empresa?
Eu faço parte da equipa que faz da Cacial a “mola real” do mercado dos citrinos, disso tenho consciência naturalmente.
Qual é o grande objetivo que tem traçado para a empresa?
Neste momento devo dizer que estamos numa encruzilhada complexa porque a CACIAL verifica que tem capacidades para crescer e para trazer mais produtores para o seu seio e que queiram apostar profissionalmente neste setor e nesta casa. Neste momento temos um parque de máquinas que nos permite o desenvolvimento de todos os trabalhos. Contudo, um grande obstáculo ao nosso desenvolvimento é a questão do pessoal. Temos muita dificuldade de conseguir pessoal braçal que seja pensante e também dificuldade de quadros médios. Hoje em dia temos uma dificuldade muito grande, porque cada vez há mais “generais” e “soldados rasos” e faltam as chefias intermédias.
O trabalho continua a ser a base de todo o sucesso, mas cada vez é mais difícil arranjar pessoas que pensem assim na prática. Posso dizer-lhe que tive dois filhos e praticamente não dei pelo crescimento deles porque muito do meu tempo foi dado à empresa e os bons trabalhadores desta casa foram e são aqueles que se entregaram também às suas funções e que não tinham horas, quase como um sacerdócio. A grande questão, e que muitas vezes repito aqui aos meus colegas, é que nós não vendemos laranjas, vendemos um serviço que por acaso leva laranjas.
E o mercado internacional como está?
Temos de acelerar definitivamente enquanto Portugal está na moda e eu não sei quanto tempo vai durar.
Por outro lado neste momento já se mandam laranjas à consignação para o mercado de Rungis, o que em termos de futuro não augura nada de bom. Na minha opinião isto quer dizer que vamos continuar a vender laranjas mais baratas do que os espanhóis, ou seja não conseguimos “vender” aquilo que são as características e qualidades organoléticas do nosso produto, que se diferenciam do produto de outras origens. Por outro lado, continuamos a não ter quantidade para sermos autossuficientes no nosso mercado. E o Algarvio não se junta. Separa-se para perder dinheiro e não se junta para ganhar dinheiro. Estes três aspetos são o principal “handicap” que nos dizem que teremos de trabalhar muito para ter o sucesso esperado na batalha da exportação, mas estou certo de que a CACIAL vai vencer à custa do seus bons produtos já reconhecidos internacionalmente.
Alípio Silva – Diretor Comercial da CACIAL
A empresa está a apostar exportação?
A CACIAL adotou a exportação como filosofia e essa é também um dos meus objetivos que passam pelo desenvolvimento do mercado nacional, coisa que na CACIAL já funcionava desde sempre e por isso a minha função assenta basicamente no pilar da exportação.
O SISAB é um mercado importante para este desafio?
Tive o prazer de estar pela primeira vez no SISAB PORTUGAL com a CACIAL, e irei com certeza estar na próxima edição. Foi uma experiencia muito boa para mim que estava muito habituado a feiras de maior dimensão. Para nós correu muito bem, a laranja portuguesa teve uma aceitação extraordinária por parte das muitas nacionalidades de compradores que por ali passaram. E houve negócios realizados, nomeadamente com a Costa Rica. Por tudo isto o SISAB PORTUGAL foi muito bom, até porque me apercebi que Portugal está realmente na moda.
Qual é neste momento o peso da exportação na faturação da CACIAL?
Neste momento a exportação representa 20% do volume de negócios, embora nalguns picos da campanha atinja os 50% do volume total de negócios.
A grande necessidade da exportação tem que ver com a contração do mercado nacional?
É uma necessidade para o desenvolvimento da empresa no seu todo. Por outro lado, o produto português é melhor remunerado no estrangeiro, compensa portanto, a procura de mais valia para o produto. E penso que aí é está o futuro das empresas, coisa que os espanhóis já fazem há muitos anos, foi o que observei quando lá trabalhei, eles são os maiores produtores de citrinos para mesa e portanto é a minha perspetiva de crescer ainda mais na exportação.
Como Portugal está na moda é o momento de aproveitarmos esta oportunidade nós portugueses, somos inteligentes, temos facilidade com os idiomas e temos toda uma facilidade de ir e estar em qualquer parte do mundo e nisso temos vantagens competitivas em relação aos nossos concorrentes.
A CACIAL é uma cooperativa que quantos associados tem?
Neste momento são à volta de meia centena de associados e com 54 anos de existência. Por isso neste momento ir para a exportação em força um é grande desafio até pela qualidade do nosso produto.
Apesar de tudo os agricultores ainda não estão totalmente consciencializados daquilo que se pretende fazer, porque é aí que não nos podemos ainda comparar com os espanhóis que têm variedade e sobretudo quantidades que permitem abordar outros mercados.
O que é a laranja com folha?
Trata-se de um produto que a Cacial desenvolveu e vai o mais natural possível não é manipulada na máquina, não leva cera e vai o mais natural possível. A sua apresentação fica espetacular, embora não sendo biológico é o mais próximo que a empresa produz.
Quem compra o produto da CACIAL em Portugal?
Praticamente todo o mercado, cadeias de distribuição e mercado tradicional.
O mercado tem muito carinho pela Cacial, embora às vezes exista alguma divergência em matéria de preços, dentro da normalidade neste negócio dai a nossa presença no mercado nacional e internacional.
Acha que devia haver mais protecionismo por parte dos consumidores pelo produto nacional?
Eu normalmente é o que faço, dou sempre preferência ao produto nacional, e acho que os portugueses já vão estando mais conscientes, mas ainda há muito a fazer, mas creio que já estão a melhorar nesta matéria referente a comprar produtos nacionais que são de excelência devo dizer.