Segundo estimativas do ‘Institute of Health Metrics and Evaluation’, fundado por Bill e Melinda Gates, em 2016 morreram em Portugal mais de 11.800 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco. Hoje assinala-se o Dia Mundial Sem Tabaco.
Em Portugal prevalência de consumo de tabaco é superior nos homens relativamente às mulheres e é no grupo etário dos 25 aos 34 anos que se registam as maiores prevalências de consumo.
É o que revela o relatório do programa «Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo 2017», apresentado pela Direção-Geral da Saúde.
Já as estimativas do ‘Institute of Health Metrics and Evaluation’, relativas a 2016, revelavam que naquele ano, morreram em Portugal mais de 11.800 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco. Ou seja, uma morte a cada 50 minutos.
Destas, 9263 eram homens (16,4% do total de óbitos) e 2581 eram mulheres (4,7% do total de óbitos).
No mesmo ano, em ambos os sexos, o tabaco foi responsável por cerca de uma em cada quatro mortes no grupo etário dos 50 aos 59 anos.
Nos homens, a maior percentagem de óbitos atribuíveis ao tabaco registou-se nesse grupo etário (cerca de 30% dos óbitos). Nas mulheres, o grupo etário com maior mortalidade atribuível ao tabaco foi o dos 45 aos 49 anos (14,5% do total de óbitos).
O que confirma a tese de que o tabaco mata prematuramente.
Ainda segundo o ‘Institute of Health Metrics and Evaluation’ em 2016, o tabaco foi responsável por 46,4% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crónica, por 19,5% das mortes por cancro, por 12,0% das mortes por infeções respiratórias do trato inferior, por 5,7% das mortes por doenças cérebro-cardiovasculares e por 2,4% das mortes por diabetes.
Homens fumam mais que as mulheres
Em Portugal, o consumo de tabaco e a exposição ao fumo ambiental distribuem-se de modo desigual entre sexos, grupos etários, grupos socioeconómicos e regiões, revela a Direção-Geral de Saúde (DGS). E contribuem para agravar as desigualdades em saúde.
O Inquérito Nacional de Saúde de 2014, indicava que cerca de 58,2% dos residentes em Portugal nunca tinham fumado, 20,0% eram fumadores com 15 ou mais anos e cerca de 16,8% fumavam diariamente.
Já naquele ano a prevalência de consumo era superior nos homens (27,8%) relativamente às mulheres (13,2%). Dos fumadores, 81,9% fumava cigarros diariamente e, destes, a maioria fumava, em média, 11 a 20 cigarros por dia (45,9%).
A maior prevalência de consumo estava no grupo etário dos 25 aos 34 anos: 32,0% em ambos os sexos – 41,9% nos homens e 22,3% nas mulheres.
“Tendo por base taxas não padronizadas, as prevalências de consumo mais elevadas observaram-se no grupo com a escolaridade secundária: mais de um quarto das pessoas com ensino secundário fumava (26,0%)”, informava o inquérito, revelando ainda que na população desempregada, mais de um terço fumava (35,9%).
Era nas regiões dos Açores (27,1%) e do Algarve (24,4%) que de registavam mais fumadores na população com 15 ou mais anos.
No que se refere ao abandono do tabaco, em 2014, cerca de um em cada cinco residentes em Portugal, com 15 ou mais anos, tinha deixado de fumar (21,7%). Destes, 31,8% eram homens e 12,9% eram mulheres. Entre 2005/06 e 2014 a proporção de ex-fumadores aumentou seis pontos percentuais (aumento relativo de 35,7%). A taxa de variação de ex-fumadores foi maior no sexo feminino (mais 87,9%), do que no sexo masculino (mais 22,3%).
Um terço tentou deixar de fumar
Segundo um estudo do Eurobarómetro, em 2017 cerca de um terço das pessoas fumadoras disseram ter tentado parar de fumar em algum momento (35,7%), 6,3% nos últimos 12 meses e 30,1% há mais de um ano. Dos fumadores que tentaram parar de fumar quase quatro em cada cinco (83,4%) tentaram fazê-lo sem assistência.
Mas há, por outro lado, boas notícias, de acordo com o relatório do programa «Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo 2017».
Reduziu a experimentação do tabaco nos alunos do ensino público dos 13 aos 18 anos, há cada vez mais pessoas a deixar de fumar e aumentou o número de consultas de apoio à cessação tabágica realizadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), assim como o número de locais de consulta.
Em 2017, e pela primeira vez, foi implementada a comparticipação dos medicamentos antitabágicos sujeitos a receita médica.
Até 2020, o programa Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo 2017 da DGS espera ainda reduzir a prevalência de fumadores na população com 15 ou mais anos para um valor inferior a 17%, travar o aumento do consumo de tabaco nas mulheres, eliminar a exposição ao fumo ambiental do tabaco e reduzir as desigualdades na proporção de fumadores entre regiões do país, na população com 15 ou mais anos.
Ana Grácio Pinto
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O ‘Desafio Mundo sem tabaco’ é uma iniciativa do Instituto de Administração da Saúde, IP-RAM que assinala o Dia Mundial Sem Tabaco, que se comemora a 31 de Maio de 2018. Entre as atividades de sensibilização previstas no âmbito desta iniciativa, que se prolongará a todo o ano, será dinamizado um ‘Ciclo de Conversas’.